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Se Manuel Alegre forma um partido político (concretizando uma ruptura no partido do Largo do Rato que tem evitado desde as presidenciais), poderá estar mesmo em causa a vitória de José Sócrates, a maioria absoluta já lá foi, nas legislativas do ano que vem.
O deputado acha que se deve congregar a esquerda e enveredar por outro modelo económico em alternativa ao modelo neoliberal, que cria disparidades na distribuição de riqueza e aprofunda a distância entre ricos e pobres: injustiça social.
Na Grande Entrevista de hoje na RTP1, Manuel Alegre disse ainda que as classes médias estão a ser sacrificadas e que as reformas, nomeadamente na Educação, não podem ser feitas contra os professores. Estima que dois terços dos 100 mil docentes que saíram à rua, em 8 de Março passado, terão votado PS nas últimas eleições.
Tudo isto, mais aquele artigo recente de Mário Soares, a alertar o executivo para os problemas sociais, está a ser muito incómodo para o Partido Socialista. Contudo, a realidade é o que é e hoje estiveram mais de 200 mil na manifestação da CGTP. Há um descontentamento em crescendo e um aumento das desigualdades sociais que ninguém pode negar.
A escalada nos combustíveis veio apenas deitar gasolina no lume.
Contudo, Manuel Alegre, como disse na Grande Entrevista, nunca quis fazer parte de um Governo. Aqui poderá estar uma fragilidade. Governar é uma tarefa complexa e pragmática, que não terá, por vezes, o espaço de manobra que as ideias e os ideais desejam. É difícil de atingir um equilíbrio entre os ideais políticos e a concretização traduzida para o quotidiano, inseridos que estamos num contexto económico mundial.
De notar ainda que Júlia Caré, camarada de bancada de Manuel Alegre, marcou também presença no comício das Esquerdas, na passada terça-feira, em Lisboa, em que o deputado poeta foi orador.
Como lembra o Diário de hoje, a deputada madeirense «apresentou várias declarações de voto em plenário, tendo ficado do lado dos professores (contra o PS) aquando das propostas contra a polémica avaliação, apresentadas pela oposição.»
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