Quando se pergunta ao povo se come conhecimento para o jantar está feito o retrato.
«A Europa vai disponiblizar 65 milhões para os Açores, Canárias e Madeira recuperarem o atraso na Inovação e Desenvolvimento.
Esta é, sem dúvida, uma oportunidade única para a Madeira recuperar o atraso que tem nesta área, onde investe apenas 0,2% do seu PIB por ano, menos de metade dos Açores e menos de um quinto das Canárias.
Mas, não basta vir o dinheiro. Mais importante que isso é o Governo e a Sociedade em geral apoiarem e se empenharem na valorização do conhecimento.
Para isso há que premiar todos aqueles que se destacam na sua área, independentemente da sua cor partidária e dos interesses instalados.»
Óscar de Freitas Branco
Diário 3.09.2008
Lembro-me, numa campanha regional, penso que em 2004, de cima do palco, num comício, um líder perguntar algo como "a senhora come conhecimento para o jantar?", para desvalorizar a aposta no conhecimento e na qualificação dos recursos humanos defendida por um partido da oposição. Terá respondido à senhora que ele cá gostava de batatas e carne na panela...
Não admira a desvalorização da escola e do conhecimento por parte da sociedade madeirense. Parece que se quer manter as pessoas confinadas à sobrevivência, ao comer e beber.
Há um caldo cultural com poucos estímulos para a disciplina, treino, rigor e amadurecimento do raciocínio; há uma desvalorização do saber, da escola e da actividade intelectual; verifica-se uma desigualdade de oportunidades, o nivelamento por baixo e o não privilegiar nem reconhecer da competência dos melhores; mantém-se o domínio do tráfico de influências, em lugar do mérito no acesso ao emprego e à mobilidade social, que incentiva uma cultura de pouco empenho (trabalho) e de laxismo.
«Se assim continuar, por mais milhões que venham, seremos sempre uma Região sem hipótese no mundo do Conhecimento», conclui o articulista acima citado.
Pouco ou nada mudará por muitos anos. Basta ir às escolas e ver a falta de disciplina pessoal e a má atitude da nova geração perante o trabalho intelectual. Como disse Séneca, "tudo o que é enraizado e congénito pode ser atenuado pela educação, mas não vencido".
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