«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quarta-feira, outubro 01, 2008

"Low cost" aéreo e balnear sim, hoteleiro e de distribuição alimentar não?

As praias artificais de areia amarela estão porventura ao serviço do turismo de qualidade, aquele das 5 estrelas, para a classe média-alta e capitalistas? Não são um claro produto "low cost" e descaracterizador?
copyright: Teresa Gonçalves: Diário

Por que razão interessa tanto à Madeira a companhia aérea EasyJet e já não interessa na nossa ilha a implantação de um hotel daquelo mesmo grupo empresarial, a EasyHotels?

A propósito, para interesse da carteira, da barriga e da saúde dos madeirenses, quando deixará o Governo Regional vir os supermercados low cost como o Lidl e o Mini-Preço? Recorde-se: Deixem os madeirenses comer mais barato e Por 86 cêntimos.

Por que razão não se deixa o mercado funcionar? Ou o mercado só serve para o que(m)interessa? Porquê recusar e afugentar investimento estrangeiro, à partida? É este o conceito de Madeira Livre (seguir o link), sem mercado livre?

Depois da exemplificativa história do comércio chinês na Madeira, surge a recusa da EasyHotels pelo Governo Regional: «nada de autorizar hotéis baratos nem instrumentos de turismo baratos» (Diário 30.9.2008). Recusa também por parte do presidente da Mesa de Hotelaria da ACIF.

Trata-se de um conservadorismo económico próprio de uma certa esquerda, para não trazer concorrência aos que cá estão. Nada de funcionamento do mercado na ilha.

O administrador do maior grupo hoteleiro madeirense, Luigi Valle, tem outra visão, como dá conta hoje o Diário: «desde que as características do destino não estejam ameaçadas e essas unidades apresentem um bom produto turístico, acho que poderão vir, pois estamos num país democrático.» Pensa ele.

A incoerência de tais posições conservadoras da ACIF e GR foi sublinhada por um administrador ligado à EasyHotels, já que são opiniões «produzidas numa ocasião em que a Madeira está apostada na abertura de diversas rotas aéreas com companhias de baixo custo.»

E além disso, já há preços baixos, low cost, a serem praticados na hotelaria madeirense, como confirma um operador turístico ouvido por aquele jornal: «a era low cost já está instalada na Madeira há muito tempo, pois, conforme as necessidades dos hoteleiros, há unidades de três e quatro estrelas que aplicam um tarifário bastante baixo, talvez com preços menores do que esses hotéis.»

Não são as praias artificiais de areia amarela um exemplo de produto dirigido a um turismo de baixo-custo, esmagadoramente interno, para agradar às manias de novo-riquismo e comodismo?

Sabe-se o que pensam muitos dos tais turistas de «classe média, média-alta e capitalistas», que nos visitam, sobre essas machadadas de betão e artificialismos vários na autenticidade da paisagem da Madeira?

Como refere um comentário neste blogue, «um hotel low cost não é sinónimo de menor qualidade no serviço, mas de menos serviço, o que é diferente.» Permite dispensar serviços que, para muitos, são superflúos e que, quando existem, acabam por ser utilizados apenas por alguns hóspedes e/ou de forma exporádica.

O Diário confirma que se trata de uma «oferta básica, sem luxos ou facilidades que muitas vezes não são requeridas ou utilizadas pelos clientes (no frills).» E isto não significa menor qualidade. Significa poupança pelo cliente.

Recordar:
Empreendedorismo à madeirense
«Deus nos livre de perder essa qualidade»

1 comentário:

  1. O Lidl chegou a apresentar um plano de investimento de 7 supermercados na Madeira, 4 deles no Funchal.
    Na altura o projecto foi chumbado, alegadamente por se ter esgotado a necessidade de mais superfícies comerciais do género (supermercado).
    Estranhamente, uns anos depois, eis que surgem novas lojas do Sá e do Modelo...
    Na prática, nós que cá vivemos continuamos a pagar caro, enquanto que as 3 marcas de supermercados não correm o risco de ter que dividir o bolo com mais ninguém, nem de terem que baixar preços devido à concorrência.

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