«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, outubro 05, 2008

Viver


Tema dedicado aos aniversariantes de hoje: a República (a primeira), a Teresa, a Luísa, entre outros.

Quando se atinge determinada idade pensamos: «estes já cá cantam, já estão feitos, já estão ganhos. O que vier a mais é um bónus.»

Senti sempre uma urgência de viver. Concretizar projectos, atingir determinados objectivos. Como se a vida pudesse acabar a qualquer momento, como pode de facto.

Para o bem e para o mal, essa consciência existencial traduziu-se na urgência de viver: muito, depressa e intensamente.

Agora, atingido o planalto da vida, é altura de gozar a vista a partir do mirante da serenidade, numa postura mais contemplativa, mais espiritual, mais desprendida, mais cósmica, mais desligada do frenesim das pequenas coisas (acessórias) da vida quotidiana, que tantas vezes nos distraem do essencial e nos lixam o bem-estar.

A partir daqui é manter a forma até onde der. Sejam dez, vinte, trinta, quarenta, cinquenta ou mais anos. Não é viver muito tempo que é fundamental.

Para que a transição da vida para a morte seja suave, sem resistências ou solavancos existenciais, requer a sensação de dever cumprido, de paz interior, de viver gasto e aproveitado nas suas potencialidades de bem-estar (interior) e felicidade.

Como canta António Variações, «Vou viver / até quando eu não sei / Que me importa o que serei / Quero é viver.»

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