Só mesmo a intervenção de um "deus ex machina" seria capaz de mudar a cultura, vocabulário e comportamento de taberna na Madeira. É preciso acreditar em ficção...
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Qual é a diferença entre o comportamento de Rui Alves, presidente do Nacional, que instigou os adeptos à agressão física sobre jornalistas, criando um clima de hostilidade e intimidação nada democrático, e o comportamento do presidente de todos os madeirenses: O tal clima mais musculado do que democrático? O pior exemplo vem de cima.
Sublinhe-se que Alberto João Jardim, já depois dos tristes episódios na Assembleia Legislativa Regional, pediu «auxílio à população para dar o devido tratamento aos opositores, num incitamento perigoso à desordem», como recordou o Diário de ontem. Dá razão a quem diz que a Madeira endémica espezinha tolerância e respeito.
Rui Alves afirmou no passado sábado: «temos que nos mostrar hostis em relação à comunicação social, eles têm que saber que também somos guerreiros e que damos duas bofetadas quando fazem estas atoardas em relação ao nosso clube.»
Com estes exemplos comportamentais não admira a indisciplina que grassa nas escolas da Região por parte dos estudantes, que ninguém aponta como factor importante nos maus resultados escolares da Madeira, aliado depois à cultura de pouco trabalho e à atitude negativa perante o trabalho intelectual, agora em resultado de outra coisa: a mundividência madeirense.
Essa mundividência é marcada por uma «certa liberdade comportamental, [em que] há um ambiente lúdico» e uma dada «cultura cívica», como muito acertada e realisticamente analisou Monteiro Diniz, Representante da República para a RAM, na RTP Madeira, em 12.11.2008, com a razão de um sábio e a precisão de um cirurgião.
Quanto ao primeiro aspecto, o «ambiente lúdico», contribuem as «flores, as festas, o vinho, a alegria»; quanto ao segundo o «problema é de civismo, de cidadania, de cultura, de qualidade da cidadania.»
A Madeira está a passar e irá continuar a passar por dificuldades sociais e económicas, não tanto em função da perda de fundos europeus, do montante de transferências do Estado, do excessivo endividamento ou da actual crise internacional. As dificuldades maiores colocar-se-ão pela falta de (qualidade também das) qualificações dos recursos humanos e pela cultura de pouco trabalho da nova geração, habituada a que o senhor Governo tudo providencie.
Por tudo isto, é claro que a Madeira precisa de uma revolução cultural e de mentalidades como de pão para a boca.
Os madeirenses precisam de menos vinho, poncha e xanax e mais viagens à República, para arejarem a cabeça. Aproveitem a liberalização e viagem mais, nem que seja por razões lúdicas: ir ao teatro, ao futebol, às festas populares, provar a gastronomia variada, ir às compras, a concertos, andar de comboio e metro, visitar monumentos, museus, o Jardim Zoológico, o Oceanário, rever amigos e familiares, admirar a paisagem, participar numa manifestação, exteriorizar as suas simpatias políticas sem falar baixinho ou para dentro, entre tantos outros afazeres.
A mudança deste estado de coisas é um cenário que nem se coloca. Tenho de recordar de novo as palavras "santas" de Monteiro Diniz: «agora, isto é pedir porventura algo de utópico. Estamos no reino da Utopia de Thomas More.»
E com isto eu (também) termino, com a vontade de reler a Utopia, onde os habitantes são pacíficos, amáveis e respeitáveis.
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Madeira endémica espezinha tolerância e respeito
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