O desejo de eliminar ou o regozijo de esmagar o outro, numa democracia, é preocupante. Não só à luz dos valores democráticos, mas ainda à luz dos valores da tolerância e da solidariedade inscritos em vários documentos fundamentais da civilização, religiosos ou seculares.
No derradeiro dia de campanha para as eleições regionais de 6 de Maio, a imprensa deu conta de alguns desejos expressos na rua por populares, à passagem de uma caravana caminhante, no derradeiro dia de campanha: «vamos esmagá-los» (paráfrase).
No dia 6 Maio, a Revista do Diário dava conta do seguinte: «soube-se nos últimos dias que a Madeira está a ser fustigada por mais uma praga: depois dos mosquitos, aí estão umas formigas a nos atormentarem. A dúvida d'Este Planeta é se esta nova invasão tem alguma coisa a ver com a "formiga branca" a que um alto responsável da Região aludiu, há tempos, a propósito de umas tricas em Santana.»
A vontade de escorraçar, eliminar e esmagar vem de longe e tem sido recorrente. Recorde-se, a título de exemplo, o que foi dito em 2004: eliminar a formiga branca.
Emanuel Rodrigues, primeiro presidente do Parlamento da Região, em 1976, deu conta, recentemente (Diário 8.11.2006), que, na Madeira, «a tolerância e o respeito pelas minorias são valores de alguma maneira espezinhados».
Será que a Madeira será melhor com o esmagamento das oposições e das vozes discordantes? Poderá ser útil, a curto prazo, para exercer e manter poder. Contudo, quando os cidadãos deixam de se expressar na potência máxima de vida e deixam de ter espaço público para exercer a discordância e a crítica, fundamentadamente, com as razões que estão convencidos ter, com receio de pressões e hostilidades perversas, então a revolução cultural e a cidadania ficam adiadas.
Os episódios que se têm sucedido após as últimas eleições, na vida política regional, dão um sinal num determinado sentido.
Será que o anunciado novo ciclo de desenvolvimento da Madeira não precisa de uma sociedade civil autónoma, pulsante, com massa crítica e iniciativa? É para a esmagar e eliminar?
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"Será que o anunciado novo ciclo de desenvolvimento da Madeira não precisa de uma sociedade civil autónoma, pulsante, com massa crítica e iniciativa? É para a esmagar e eliminar?"
ResponderEliminarNovo ciclo!? Onde!?
Na Madeira o diferente só serve como alibí para reunir o povo à volta do líder.Como esse inimigo não existe ele cria-o sistemáticamente para manter o povo em tensão.
Nasceu um novo blog:
ResponderEliminarhttp://madeiracomenta.blogspot.com/
Pretendo alimentá-lo com os melhores comentários sobre a Região Autónoma da Madeira encontrados em blogs. Na prática os melhores comentários transformar-se-ão em post neste blog. Terei o cuidado que colocar as referências de onde foram retirados. Espero não estar a violar qualquer lei de direitos autorais.
Desativei o Madeiracomenta e criei o:
ResponderEliminarhttp://pensamadeira.blogspot.com/
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