Se incendeia o coração do melómano, não é preciso mais nada. Uma boa aparelhagem é aquela que estimula a paixão e aumenta o prazer em ouvir música. Quando obstaculiza a fruição da música, é tempo de parar e repensar o caminho
O amplificador de potência Myryad MA240 (vista do seu interior na imagem em cima) não é audiófilo (no sentido high end), mas oferece-me um som muito musical há uns bons anos, associado a uma pré-amplificação da Rega.
É um coração de leão: poderoso, rápido, incansável. Som em geral neutral e aberto. Suave nos agudos, preciso e detalhado no médios mas quente e musical, definido e controlado nos graves. Tem a ver com a filosofia da Myryad. Uma marca "for the more discerning music-lover (para o amante de música ou melómano mais exigente). Este modelo já não se fabrica. Em caso de ataque cardíaco, tem de ser reanimado.
O som deste Myryad é, em geral, mais velado e menos transparente e frontal, com graves menos profundos ou delineados (recortados) do que os equipamentos high end, mas o baixo é preciso, encorpado, quente e cheio (musical), com o qual se pode ouvir música durante horas seguidas sem induzir fadiga precoce ou irritabilidade. Incendeia o coração do melómano. É preciso mais do que isso?
A sonoridade do Myryad MA240 é transparente e detalhada quando baste. Sem ser demasiado presente ou agredir. O melómano entra em transe. O audiófilo recua (e não é assim que tem de ser?) e deixa de haver "ruído" à fruição da música.
Em termos absolutos, em termos técnicos e estéticos, o Myryad MA240 perde para os amplificadores no nível high end, mas a aparelhagem é um meio e não um fim. Não se pode ultrapassar o limite crítico de a audiofilia interferir com a apreciação musical do melómano. Gasta-se dinheiro e fica-se pior. Investir em discos é muito mais recompensador e lucrativo.
Mais sobre este coração de leão:
Audio e o Santo Graal / Audio and The Holy Grail
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