Oliver Stone não caíu na tentação de fazer um filme panfletário sobre George W. Bush, embora este não saia bem da fotografia. Oliver Stone não faz juízos e deixa o julgamento para a História.
Temos um W. num misto entre a ingenuidade e a negligência, sem esquecer o fervor religioso, em que a decisão de atacar o Iraque é o mais trágico exemplo, crente na existência das armas de destruição maciça. Ele crê ainda que Deus o destinou a ser presidente do país.
Todo o staff do presidente tratou de ajeitar a realidade para convencer a opinião pública e as Nações Unidas a permitir a guerra, incluindo a única voz mais sensata, Colin Powell, que acabou por ter de fazer o jogo. W. estava determinado contra tudo e todos. O petróleo, o ego imperialista e o desejo de acabar a guerra que o pai Bush não concluíra contra Saddam.
Por outro lado, o filme também suscita simpatia por W., pelo retrato humano e descontraído da figura (sem modos à mesa), com virtudes, nomeadamente o humor, as boas intenções, o optimismo e a persistência em ultrapassar as suas limitações e problemas (alcoolismo, por exemplo), e defeitos, como qualquer pessoa.
Todavia, fica claro que W. não tinha as qualidades necessárias a um presidente de um país como os EUA. A sua origem social (clã Bush), um determinado instinto de actuação, a sua descontração, a proximidade com o cidadão comum e a orientação política facultada por alguns mentores concorreram para que tivesse chegado à Casa Branca.
Nem o clã Bush acreditava nisso. O pai e a mãe apostavam na carreira política do irmão que, contra todas as expectativas, não consegue os sucessos políticos de W.. Prova que nem sempre vencem os melhores nos termos convencionados. Há outros factores que se intrometem pelo meio e podem determinar a adesão dos eleitores. Pelo menos dos menos esclarecidos.
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