Será possível salvar o modelo de avaliação?
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O Governo da República não percebeu ainda, na ânsia de salvar a sua face política (e da ministra da Educação), que o modelo de avaliação do desempenho dos professores terá sido já suspenso pela realidade dos factos.
Hoje tentou-se, por via de alguns actos simplificatórios, salvar o modelo de avaliação, mas talvez venha tarde, talvez seja insuficiente e criar-se-ão porventura outros problemas de implementação, porque colidem com outros procedimentos.
No entanto, qualquer modelo conterá imperfeições e gerará injustiças, não tenhamos ilusões. Será possível salvar este modelo a partir das medidas anunciadas hoje? José Matias Alves, ex-membo do Conselho Cinetífico para a Avaliação dos Professores, refere que com as «medidas hoje enunciadas (e em larga medida recomendadas pelo CCAP em Julho de 2008) superam-se alguns dos mais graves problemas».
Não se esqueça que o modelo de avaliação é apenas a gota de água que fez transbordar o copo. Não se esqueça a imposição do Estatuto da Carreira Docente, a separação dos professores em duas categorias, as cotas e uma onda de legislação que entupiu as escolas, para além da tentativa de colocar a sociedade contra os docentes desde o início, maltratando e atingindo estes profissionais na sua dignidade profissional.
Porque o objectivo primeiro era reduzir a despesa salarial na Educação e não a melhoria da qualidade do ensino e das aprendizagens. Desde que pagasse menos salário, para o Ministério da Educação o professor já era bom para continuar a ensinar. O aspecto formativo e as aprendizagens dos alunos passavam para segundo plano.
E há que pensar o seguinte, de forma fria, racional e realista: qual é a alternativa à política do PS? A política educativa do PSD ainda mais neoliberal e radical? Basta lembrar o tempo em que Manuela Ferreira Leite foi ministra da Educação, em que houve grande conflitualidade, e as propostas do partido, nomeadamente da anterior direcção de Marques Mendes, que previa até a privatização de escolas.Os professores estão entre a espada e a parede e ponto final.
Mais valeria, se calhar, minimizar os efeitos negativos das propostas de um governo que defende, pelo menos por enquanto, defende a Escola Pública.
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