Hélder Spínola avisa que a lei levanta várias dificuldades ao teleférico.
foto Joana Sousa (Diário)
Com a devida vénia, transcrevo a notícia de hoje do Diário, assinada por Patrícia Gaspar, sobre o debate a respeito do teleférico do Rabaçal, ontem no Funchal (nos próximos dias, darei conta neste blogue de tudo o que foi debatido):
«Se a tutela do Ambiente "insistir" em avançar com a construção do polémico teleférico no Rabaçal, a Quercus vai tentar impedir a sua concretização pelo recurso ao tribunal.
"Em último caso, a situação só será resolvida em tribunal", avisou, ontem, Hélder Spínola.
O líder nacional da associação ambientalista Quercus participou, ontem, numa mesa redonda intitulada 'Salvar o Rabaçal do Teleférico' - uma iniciativa organizada pelo BE-M -, ocasião em que alertou para a existência de vários constrangimentos legislativos ao desenvolvimento de projectos como o teleférico do Rabaçal.
"No que diz respeito à Quercus e às outras associações ambientalistas tudo será feito para que essa obra não avance", declarou Hélder Spínola.
Os ambientalistas socorrem-se do facto de o Plano de Ordenamento do Território da Região Autónoma da Madeira (POTRAM) considerar o Rabaçal como zona de uso interdito e da área ser reserva biogenética do Conselho da Europa.
Uma decisão política
O líder da Quercus lembrou ainda que o Rabaçal está integrado no Parque Natural da Madeira (PNM) como área de repouso e de silêncio, pertence à Rede Natura 2000 e é património mundial e natural da UNESCO. Aos argumentos para o 'não ao teleférico', junta-se ainda o parecer negativo do Parque Natural da Madeira (PNM).
"Esperemos que o sr. secretário regional [Manuel António Correia] perceba que aquele investimento desvaloriza o Rabaçal", frisou Hélder Spínola.
O ambientalista alerta para a necessidade de preservação de algumas espécies consideradas prioritárias e dos valores naturais e patrimoniais da Madeira, considerando que a construção do teleférico em nada beneficia o turismo e a economia regional.
"A partir do momento em que o secretário regional do Ambiente autoriza uma obra com parecer negativo do PNM, estamos a falar de uma decisão que é acima de tudo política", criticou, ontem, Hélder Spínola.
Irreversível: Optimismo não é unânime entre ambientalistas
Professor e activista ambiental, Nélio de Sousa participou, ontem, na mesa redonda organizada pelo BE-M, na qualidade de cidadão preocupado com o património natural da Calheta. O professor assumiu-se bem menos optimista [realista?...] do que o líder nacional da Quercus, Hélder Spínola, ao considerar que o processo de construção do teleférico é irreversível.
"Pelo vistos, o projecto já estava adjudicado antes de se fazer o estudo de impacto ambiental, portanto é dado como irreversível", referiu Nélio de Sousa.
Apesar do empenho do Governo Regional em levar por adiante uma obra polémica, o activista natural da Calheta apela aos cidadãos para que não desistam de contestar a obra que vai destruir "um dos locais mais bonitos da Madeira".
Durante a iniciativa do Bloco de Esquerda (BE), Nélio de Sousa considerou que o teleférico não constitui uma mais-valia para a Madeira.
"Do ponto de vista ambiental, há constrangimentos e, do ponto de vista turístico, cria uma má imagem da Madeira na forma de tratar o seu património natural", criticou o activista ambiental.
No entender de Nélio de Sousa, o teleférico do Rabaçal pode vir a contribuir no futuro para o afastamento dos "turistas que realmente interessam à Madeira".
Gostava de abordar este assunto por uma prespectiva que ainda não vi muito reflectida
ResponderEliminare que tem a ver com a parte ecônomica do
projecto do Rabaçal .O meu ponto de vista
é que para além dos aspectos de destruição de patrimonio mundial não será bom perguntar se
não estamos a criar mais uma obra de rentabilidade economica nula em que para alêm de se destruir o ambiente ainda se enterram ( neste caso talvez fosse melhor dizer se suspendem )uns largos milhares de euros,que se a Madeira não fosse a terra rica que é , poderia ter uma aplicação rentavél . É que de obras que iam propiciar grandes receitas
para pagar os seus custos de construção e ma
nutenção ,
como boa parte daquelas feitas pelas Sociedades de Desenvolvimento estamos nôs bem acostumados ...
Jacinto Gouveia
Olá Jacinto.
ResponderEliminarJoão Welsh já tem abordado a vertente económica, em artigos de opinião. Na série de posts sobre o teleférico do Rabaçal, neste blogue, estão citadas as suas palavras.
Há quem desconfie que, ao contrário de muitos teleféricos pela ilha, este vai ter enorme rentabilidade, porque vai agradar às massas madeirenses e ao turismo de massas. Ambos gostam de praias artificiais e teleféricos (ir ao Rabaçal sem apanhar frio, sem sujar as patas e tomar um Martini no bar-restaurante panorâmico...).
Se chegam 10 autocarros cheios de turistas pé-descalço ao alto do Paúl da Serra e são despejados à porta do teleférico, não vão ficar com outra alternativa a não ser dar uma voltinha dentro de uma cabine por cima do Rabaçal.
Contudo, há valores que não podem ser negados apenas para extrair o máximo de dinheiro dos turistas.
Não é só o dinheiro que faz a felicidade das pessoas e de uma sociedade. Há coisas que o dinheiro não compra.
O teleférico é mais um daqueles investimentos de fachada, feitos apenas em nome do dinheiro e da conquista de votos.
Abraço.