«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quinta-feira, janeiro 15, 2009

«Banhadas de Ronaldo e Jardim. E do cão»

Antes ou depois de ler o artigo de Ribeiro Cardoso, cruze com o texto Entrevista de Mário Crespo a Alberto João Jardim.
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«Há noites em que um homem não pode estar em casa – pelo menos com a televisão ligada. Hoje, 2ª feira, foi uma dessas noites. Comecei por levar uma banhada de Cristiano Ronaldo que durou horas. [...]

Pior ainda: a José Rodrigues dos Santos, o apresentador de serviço, não chegou ter vestido a camisola do nacionalismo bacoco de termos o melhor jogador de futebol do mundo. Não. Também nos lembrou, orgulhoso, que “A Casa Branca pode vir a ter sangue lusitano – Obama anda a escolher um cão de água português para oferecer aos filhos…”. [...]

Mas ontem, definitivamente, não era noite para ver televisão. O mais antigo pivô e jornalista da Europa – como pudeste dizer isso ao Correio da Manhã, Mário? - levou uma banhada de Alberto João Jardim maior do que a que eu levei de Cristiano Ronaldo.

O homem da Madeira não deixou falar o jornalista “mais antigo da Europa”. Estava, literalmente, em casa - e teve direito a 30 minutos de tempo de antena. Até parecia uma entrevista na RTP Madeira, feita por um dos mais novos jornalistas locais: Jardim a falar para o povo português, obviamente com cubanos e colonialista incluídos. Sem ser incomodado. Dizendo todos os disparates que já trazia na manga, quase como se estivesse sozinho em estúdio.

Manifestando o seu acrisolado amor a Portugal e aos portugueses – sem que ninguém lhe lembrasse os tempos da Flama, as bombas a rebentarem, as perseguições a militantes de esquerda, as ameaças a jornalistas na Madeira, os escândalos na Assembleia Legislativa, os negócios para os amigos, os empregos para os correligionários, a divida pública, o desemprego, o abandono escolar, os dinheiros loucos gastos com o futebol e com o jornal da Igreja pago pelo Estado, as gerações futuras endividadas até ao osso.

E Crespo a assistir, tentando aqui e ali, timidamente, interromper o caudal de frases que Jardim trazia de casa para dizer … aos cubanos.
Obviamente, nada estava combinado – mas o caudilho da Madeira não podia ter sonhado melhor entrevistador….

[...] É que isso era mesmo o que mais gostaria de ver: Alberto João Jardim candidato a primeiro-ministro de Portugal, em campanha não na Calheta, mas no meio dos cubanos e dos colonialistas. Com os bastardos, para não dizer filhos da puta, dos jornalistas – lembras-te, Mário? - a acompanhá-lo.»

Ribeiro Cardoso
12 de Janeiro de 2009
(Texto completo em Clube dos Jornalistas)

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