Edifício de cobertura azul da Zona desportiva do Arco da Calheta, que agora domina a paisagem verdejante da freguesia. A mim, desde pequeno, sempre me disseram que azul e verde era ranho na parede.
Quem governa optou, como estratégia de desenvolvimento, por explorar um dos males endémicos da Madeira: a inveja.
Assim, se o concelho ou freguesia A têm um pavilhão, uma promenade, um centro cívico, entre outros bens essenciais, o concelho ou freguesia B também têm de ter um pavilhão, uma promenade, um centro cívico. Mesmo que deles não precisem ou a rentabilidade do investimento público seja duvidosa ou impossível.
Tal como se o vizinho tem um BMW ou um Audi - marcas que proliferaram na ilha como uma doença contagiosa -, eu tenho também de ter, mesmo que dele não tenha necessidade.
E lá teve o Arco da Calheta de ter a sua baleia azul a criar ruído visual no meio do verde do vale.
Recorde-se que somos uma sociedade que padece de males endémicos como a «inveja», o «gosto pelo maldizer», a «não distinção entre qualidade e mediocridade, entre o principal e acessório», como disse o presidente do Governo Regional, na cerimónia de tomada de posse do governo, em 2004.
Não é que a inveja seja algo exclusivo dos madeirenses. Nada disso. Tem a ver com a natureza humana em geral, mas, na Madeira, é um mal endemicamente amplificado.
Só quem não circula pela Madeira profunda - apenas se mova pelo vermelho profundo das carpetes escarlates, do preto ou cinza profundos dos BMW ou Audi, ou então conheça a ilha empoleirado dos teleféricos -, não sabe das «emanações comportamentais» endémicas deste povo.
O madeirense típico dirá que falo assim porque sou um invejoso. Invejoso dos que têm zonas desportivas azuis, que frequentam as carpetes vermelhas ou que têm os seus BMW ou Audi preto ou cinza...
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Photo taken with a Nokia cellphone 3.2 megapixel camera : no editing : no flash : © neliodesousa March 8, 2009
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