A reunião de delegados sindicais de hoje foi palco de lançamento da candidatura alternativa (mas também de continuidade, passe-se a contradição dos termos) às eleições de Maio do maior sindicato de professores da Madeira.
A direcção do Sindicato dos Professores da Madeira (SPM) votou e deliberou, por maioria qualificada, a apresentação de uma lista de continuidade para executar os projectos que estão pendentes, informou Marília Azevedo, líder da actual direcção e da primeira lista candidata ao próximo acto eleitoral do sindicato.
Na reunião de hoje de manhã dos delegados sindicais do SPM, que terminou pelas 12h:10, João Sousa assumiu e oficializou uma outra candidatura e justificou: «precisamos de agitar as águas e apurar as melhores soluções para não cair no marasmo das organizações.»
O projecto alternativo foi «apresentado à saída nas suas linhas essenciais», na forma de um panfleto, com o objectivo de «proporcionar uma reflexão sobre o que deve ser o futuro desta organização», disse o cabeça da lista dita alternativa.
Foi referido que o acto eleitoral com mais de uma lista era um «requisito importante da democracia» e que «não é nenhum drama», como vários dos presentes subscreveram. Apelou-se ao debate interno com «elevação». Porque não é a primeira vez que isto acontece, cá ou na Fenprof.
João Sousa lançou um dos argumentos na defesa da sua candidatura: a «lista alternativa parte também de dentro da actual direcção do sindicato» e «não há perigo» de não haver continuidade dos projectos em curso ou pendentes, como a nova sede, o ECD regional e outras lutas como a contagem do tempo de serviço docente na RAM.
Ora, aqui está logo uma contradição. Se as duas listas saem da mesma direcção são duas listas de continuidade, por maior que seja o esforço para diferenciar no pormenor. A génese é a mesma.
Quem faz parte da actual direcção não se pode pôr de fora, isto é, demarcar-se e dizer que nada teve a ver com as decisões e posições tomadas pelo sindicato nos últimos três anos. Que não tem responsabilidades pelos méritos ou «fragilidades» do sindicato.
Por outro lado, percebe-se que a lista alternativa aposta numa radicalização da luta dos professores, com um discurso mais veemente e duro (de ruptura) face ao poder político madeirense. Embora surja, de novo, em contradição com posições assumidas no passado, nomeadamente pelo cabeça da lista "alternativa", João Sousa:
«Há outros sinais inquietantes. Um deles não é seguramente o de se saber quem será o vencedor das eleições antecipadas, até porque as sondagens efectuadas apontam para um claro e inequívoco vencedor [o PPD/PSD] . Valha-nos isso! É menos uma inquietação.» (Revista Prof 74 p21, logo antes das Eleições Legislativas Regionais antecipadas de Maio de 2007)
Em primeiro lugar acho mal que se faça campanha eleitoral, embora dissimulada, em plena reunião de delegados sindicais, convocada para outros fins que não aquilo que aconteceu no seu final. Em segundo lugar, o uso do símbolo do SPM para figurar nas listas concorrentes, não deveria ter acontecido, a não ser durante a campannha eleitoral que se segue à apresentação formal das listas concorrentes às eleições, ou seja, após 31 de Março. Para quem afirmou que não há divisão entre os professores, sendo excessivo o título do DN-Madeira "Professores Divididos", o que aconteceu nesta reunião, acabou por dar razão ao título do DN-Madeira. Pior ainda, construindo lista alternativa nas costas dos colegas de direcção, num ambiente de cortar à faca, revela, não só o afastamento dos elementos, como a falta de camaradagem, o engano e a falsidade. De facto, esta lista, dita alternativa e de ruptura com as práticas seguidas, surge, como já foi dito, das práticas tomadas por consenso, ou, pelo menos consentidas. Mais ainda, tem, no seu seio, pessoas ligadas a direcções anteriores, responsáveis por afastamentos e rupturas anteriores, de elementos históricos e de outros mais recentes, mas de grande valia. Como pode esta lista ser de renovação? Acho que a luta sindical tem de estar activa e nas ruas, mas, temo que a radicalidade possa prejudicar a legítima luta dos professores e educadores.
ResponderEliminarCaras(os) Colegas
ResponderEliminarInteressadas(os) no futuro do nosso Sindicato.
Não houve quaisquer movimentos obscuros na constitutição de um grupo de discordância com as actuais orientações do S.P.M. Este discurso Socratiano de vitimização assumido pela Exma. Sra. Coordenadora, não corresponde à verdade dos factos. Contudo parece haver interesse em fazer passar esta versão, o que é pena. Ninguém foi enganado, ninguém falseou o que quer que fosse, ninguém se afastou, apenas de registar as divergências de acção. Não houve qualquer campanha, até porque, para os conhecedores, isso implicaria a existência duma lista já formalizada. Houve apenas o sentir de um descontentamento que é generalizado, face às actuais orientações sindicais. Qualquer sócio pode fazer uso legítimo do símbolo do S.P.M., desde que não seja para denegrir esta nobre instituição. É de pouca elevação relevar matérias como estas. Não há que temer radicalizações, as(os) professoras(es)e as(os) educadoras(es) desta Região Autónoma fazem a sua luta, como sempre fizeram, com muita elevação e consciência cívica.