«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

segunda-feira, março 09, 2009

Espelho meu, haverá colunas mais Rock do que eu?

Monitor Audio Silver RS6 (black): they look rock and they DO rock. Uma coluna robusta e de combate, uma força da natureza.

No final de uma outra recensão crítica, sobre uma experiência com colunas de som, disse-se que, face ao pântano de subjectividade inerente ao mundo do audio, tudo estaria nas mãos de Deus...

Para parafrasear o famoso fado da Amália, diria agora que «foi Deus» que me colocou as Monitor Audio no destino... Mas, não vou descartar responsabilidades colocando a questão no plano divino. Tive alguma coisa a ver com o assunto.

O meu percurso no audio, para servir a minha paixão pela música, encetou-se nos anos 80. Antes disso não havia dinheiro e não havia cultura "audiófila" no meio a que pertencia.

Depois do primeiro walkman (que enorme salto na fruição de música) graças aos primeiros salários (já nem me lembro da marca... seria Aiwa?), veio o primeiro stereo (rádio e leitor de k7s) da Panasonic. Depois disso veio um giradiscos da Marantz, caro na altura e sem nada de especial, que ligava ao Panasonic. Só depois veio o meu primeiro amplificador Marantz (35W por canal) e umas colunas monitoras Jamo. Passado algum tempo dei outro salto com umas colunas Mission, também monitoras.

Depois disso, a audiofilia. Desgraçadamente, percebo eu dez anos depois, fui parar à Viasónica, em Lisboa (na Madeira não havia lojas da especialidade como há hoje a Magnólia ou a MusiRitual), que me "convenceu" a optar por umas colunas monitoras, Sonus Faber Concerto, tendo em conta o espaço que ocupariam, e um amplificador a válvulas, o Audio Note Oto. Antes disso passara pela Transom e ouvira umas colunas de chão B&W, penso que ligadas a um Rotel, que até me tinham agradado. Mas os conhecimentos não eram os de hoje e depositei demasiado na cultura audiófila da Viasónica.

Atenção que o conjunto Audio Note e Sonus Faber fizeram-me apreciar géneros que até então nunca tinha valorizado como o Flamenco, Jazz, Fado e outra World Music. Contudo, eu dissera aos gajos da Viasónica que ouvia Rock. E experimentei rock, mas o discernimento pessoal e as opções que me foram dadas, em termos de equipamento, não foram as mais indicadas. Porque se partira da premissa que as monitoras e a audiofilia seria indicado para o rock.

Assim, fui atirado para a audiofilia quando, afinal, não precisava dela. Nessa época pensava que, neste campo, mais era melhor. Acabei por despachar o Audio Note e optar pelo power da Myryad e o pré da Rega, escolhas bem acertadas. Já sabia bem ao que ia. Ou ao que não ia.

Contudo, mantive-me fiel às Sonus Faber, por causa do tamanho da sala e por, supostamente, mexer menos com a acústica do espaço. Também pelo som espectacular das monitoras, pela suavidade e até pela sua estética. Proporcionaram-me muitos bons momentos, não vamos deitar fora o bébé com a água do banho...

Mas viria a revelar-se um erro. Ao optar por monitoras em vez de colunas de chão parti de uma premissa errada. As colunas de chão dão graves mais encorpados e fundos e, como agora pude constatar, mexem menos com a minha sala em termos de ressonâncias. As Monitor Audio são um elemento menos perturbador em termos acústicos. Não há room boom. O grave não enrola. Nada. Afinal, tenho um bom espaço acústico.

As Sonus Faber deveriam ter sido o primeiro componente a ser mudado. O Audio Note poderia ter casado melhor com as Monitor Audio. Não foi e fez com que o caminho fosse mais tortuoso e dispendioso. Acabei por optar por um subwoofer REL, para compensar a menor capacidade de graves das monitoras, e mudar cabos. Até chegar às Monitor Audio. Um percurso que teve os seus desafios e aprendizagns, apesar de alguns desalentos.

As Monitor Audio, as Silver RS6, em preto, representam o meu céu, não propriamente audiófilo, mas melómano. Ainda por cima, custaram, em 2009, metade das Sonus Faber Concerto, em 1998.

A comparação entre ambas é inevitável. As referidas monitoras podem ser mais audiófilas, superiores em termos técnicos, mas as colunas de chão da Monitor Audio são mais musicais, mais pujantes, mais dinâmicas, menos agressivas/transparentes/abertas na gama média alta, enfim, é tudo o que um amante de rock pode querer.

Mais importante do que isso, as Silver RS6 debitam uns graves encorpados (parecemos visualizar as cordas da viola-baixo a vibrar), além de mais profundos. Ao ponto de quase dispensar o subwoofer, que mantenho nestes primeiros momentos, por dar mais um aconchego abaixo dos 30/20 Hz. E sou capaz de manter porque, sonicamente, gosto de descer ao calor do fundo dos infernos...

Mas, as vantagens, a meio preço, não se ficam por aqui. Esteticamente, as Monitor Audio em causa têm um look muito rock, de combate, de força, de robustez. A cor preta, com os altifalantes brancos e o respectivo contorno em metal cinza baço, confere à coluna um aspecto distinto e, diria, irresistível.

Apesar de ter tido contacto visual com a coluna na Net, ao retirá-la da caixa fui agradavelmente surpreendido pelo seu impacto visual.

Há uma relação custo-qualidade que diria imbatível. Uma coluna obrigatória a experimentar quando pensar em comprar uma coluna para apreciar música. Se for para ouvir rock, enfim, não conheço melhor opção depois de ouvir tanta coisa nestes últimos dez anos.

One Day As A Lion, o novo projecto do vocalista de Rage Against the Machine, foi a primeira coisa a ser triturada pelas RS6. E ao primeiro tema percebi que tinha encontrado o meu Santo Graal. Depois dei-lhe o difícil Animositisomina de Ministry e não soou nada agressivo em termos de gama média alta, para além da agressividade própria da música. Sempre tudo musical e confortável. Nada de audiofilia aguda. E os graves!... O baixo não pára de ronronar.

Estou a ouvir a minha música de novo, sem exageros. E apetece ainda comprar mais música. A aparelhagem está a cumprir o seu papel e não interfere com o melómano: fá-lo gostar mais da música e essa música de que gosta emociona-o mais. Ponto final. O resto são tretas.

Menos pode significar mais em audio. Repensei o caminho e dei um passo atrás em termos audiófilos e de custos. Em nome da MÚSICA, o essencial, que nunca pode ser remetida a um mero instrumento para ouvir a aparelhagem.

Assim, desfiz-me do único componente da aparelhagem que não era inglês, sem contar com cabos ou alimentação. E será por acaso? Há uma cultura musical no Reino Unido que tem reflexo na indústria audio. A Monitor Audio, a Rega ou a Myryad sabem como se deve ouvir música do ponto de vista do melómano. Sabem bem para quem estão a produzir equipamentos.

É claro que as Monitor Audio Silver RS6 estão bem alimentadas pelos mais de cem watts do enérgico Myryad, assistido pelo pré da Rega. As fontes são também Rega, que tornam o som bastante musical. Na génese da Rega e da Myryad estão músicos. E isso diz muita coisa. They simply cut the crap and go to the point.

Poderei estar a precipitar-me, mas se calhar já posso dizer Monitor Audio forever. Como diz o slogan da marca, as close as it gets. Nem mais.

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Photo taken with a Nokia cellphone 3.2 megapixel camera : no editing : no flash : © neliodesousa March 2009

2 comentários:

  1. parabens pela compra.

    adorei ler o seu artigo... li-o ate com bastante intusiasmo.

    estou para comprar umas silver 6 tambem, fiz apenas um compasso de espera nestas ultimas semenas quando soube que iriam sair uma nova versao....as rx.
    espero que estejam superiores como dizem, pois essa (sua) coluna tem uma qualidade imbativel na classe a que pertence.

    ouço um pouco de tudo...electronica, jazz, pop, sei lá....tudo. ee espero sinceramente que me encha as medidas como essas lhe encheram as suas...

    ja agora, peço-lhe uma opiniao pessoal...o que pensa do casamento das colunas com um marantz (gama actual amp stereo de entrada u quase)?

    voçe iria para marcas made in u.k? tipo nad... de entrada tambem ou qua

    boas audiçoes :)

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  2. Obrigado pelas suas palavras. As Monitor Audio Silver RS6 são umas grandes colunas e muito musicais. Quando à amplificação, não há como ouvir diferentes soluções numa loja com auditório e várias marcas. Tenho dois amigos que casaram as monitor Audio com amplificação da Musical Fidelity. Eu tenho o amplificador de potência da Myryad, na mesma gama da Musical Fidelity, e o pré-amplificador da Rega. Mas, o melhor é experimentar várias amplificações, dentro do orçamento disponível, com as MA RS6, ouvindo música que conhece bem. Não precisa de decidir na hora. Há lojas que até deixam levar a casa para experimentar, se viver por perto. As marcas inglesas são, para mim, uma boa referência. Sem entrar na audiofilia. Eu prefiro o nível pré-audiofilia. É mais musical e muito mais barato.
    Boas audições.

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