Ana Maria Bettentourt defende tolerância zero para a indisciplina nas escolas e mais trabalho e reponsabilidade por parte do estudante.
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Na tomada de posse, em 20 de Maio último, a nova presidente do Conselho Nacional de Educação, Ana Maria Bettencourt, disse algumas coisas importantes no seu discurso de tomada de posse, que vão no sentido de não responsabilizar apenas ou sobretudo os professores pelos resultados do sistema de ensino:
«É necessário que haja uma melhoria visível das aprendizagens e dos resultados escolares. Isto pressupõe uma responsabilidade social alargada, que inclui, designadamente, professores, escolas, famílias, autarquias, associações locais. Encontrar vias para a mobilização de todos, em torno dos desafios educativos é uma questão decisiva.
«Para que as crianças e os jovens aprendam mais, objectivo que todos defendemos, é importante que durante o seu dia na escola trabalhem mais e assumam responsavelmente o seu ofício de alunos.»
Este discurso de responsabilização dos vários actores sociais, entre eles as famílias e, especialmente, os estudantes, é um discurso anti-laxismo e anti-facilitismo.
Ana Maria Bettencourt, em entrevista ao Público, quando a jornalista refere «Mas os alunos não têm só problemas de aquisição de conhecimentos, mas de comportamento...», é categórica: «Aí deve haver tolerância zero.»
«O que proponho não é facilitismo, mas mais trabalho para os professores e para os alunos.» E referiu a propósito: «Um dos aspectos que me impressionou na escola finlandesa foi os alunos trabalharem imenso.»
Todavia, a protagonista escorrega quando diz que, «hoje em dia, temos mais capacidade para resolver problemas, mas para isso, os professores têm que trabalhar mais. Não podem ser só as famílias, embora estas sejam importantes; é a escola que tem que ter muito mais responsabilidade.»
Como se as famílias portuguesas, no geral, assumissem grandes responsabilidades pela atitude perante o trabalho escolar e o comportamento na sala de aula dos seus educandos...
Perante a realidade evidente, deveria antes dizer «não podem ser só os professores» a assumir as responsabilidades, que é o que se passa na actualidade de forma escandalosa, em que se coloca ainda sobre os docentes toda ou quase toda responsabilidade do sucesso escolar do aluno, mesmo que este não trabalhe ou não seja disciplinado na sala de aula. E sem conceder ao professor autoridade (este governo deu cabo dela) para educar a vontade da criança ou jovem no sentido do trabalho e da disciplina na sala de aula, para não comprometer ou sabotar o processo de ensino-aprendizagem, com prejuízo de todos os estudantes.
O blogue Profavaliação leu o discurso de Ana Maria Bettentourt de outra forma: Aqui. Embora a nova presidente do CNE utilize demasiado e sobretudo a palavra «mais» para os professores (ainda por cima quando lhes damos menos condições de trabalho, carreira e salário) há ideias que fazem todo o sentido.
Desde que as ideias sejam correctas e de bom senso, não me importa que o protagonista seja socialista, social-democrata, comunista, bloquista ou popular. O segredo é não estar capturado pela ideologia partidária e antes responder aos problemas e à realidade de forma eficaz e adequada.
Recorde-se:
Professor bode expiatório
TiAS DESTas deviam ir PARA A ESCOLA DA bELAVISTA DE sETÚBAL...DAVA-LHE UM DIA...
ResponderEliminarparece que fez uma leitura um pouco enviezada........ se ler as entrevistas no público perceberá melhor o que quero dizer.... mais trabalho para os profs.... sem as condições da finlândia que AMB bem conhece, ou não tivesse lá ido.....
ResponderEliminarViva. Eu li precisamente as entrevistas no Público, além do discurso de tomada de posse, que estão citados no post. Como alertei, a senhora utiliza muito a palavra «mais» para os professores (ainda por cima quando lhes damos menos condições de trabalho, carreira e salário, isto é, sem as tais condições da Finlândia...), mas há ideias que fazem todo o sentido, sobretudo no que toca à responsabilização de outros actores no sistema educativo e à «tolerância zero» relativamente à indisciplina dos estudantes, um dos grandes problemas na escola pública. Agora, é esperar para ver se pratica o que apregoa.
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