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Enquanto cidadão, não gostaria de ver o país mergulhado num período de ingovernabilidade ou instabilidade política a partir do Outono, embora aprecie que as próximas legislativas não estejam previamente decididas, como motivador de maior disputa e humildade democráticas.
Enquanto cidadão, reconheço que o actual governo, quer se goste ou não, levou a cabo um conjunto de reformas que, apesar de incómodas e impopulares, faziam sentido em muitos aspectos, embora discorde de muita da metodologia seguida, nomeadamente através do afrontamento de várias classes profissionais, num clássico "quero posso e mando". Os professores foram os mais fustigados, desvalorizados e achincalhados, transformados em bodes expiatórios da sociedade, para o governo legitimar publicamente as suas políticas de austeridade (a que adicionou hostilidade) .
Enquanto cidadão, reconheço que o actual governo precisava colocar ordem nas finanças públicas, mas aplicou o mesmo "quero, posso e mando" relativamente à Madeira, num claro subir à cabeça dos vapores da maioria absoluta, que aplicou aos professores. São aspectos que têm vindo a penalizar os resultados do PS Madeira e a provocar uma erosão acentuada no seu eleitorado, que vai para além da guerrilha interna permanente vivida naquele partido.
Enquanto cidadão, sei que, quer seja PS ou PSD no governo, sozinhos ou coligados, os docentes, em particular, não podem contar com milagres. Não se vai voltar atrás no essencial. Quanto muito haverá outra atitude de respeito e valorização dos profissionais, alteração do actual laxismo e facilitismo na escola pública (deixar de colocar toda a responsabilidade sobre os professores, mesmo quando os estudantes não trabalham e são indisciplinados), afinamento de alguma legislação (quanto a alguns aspectos mais penalizadores) e negociação efectiva com os representantes dos professores. A estratégia de esmagamento ou de "quebrar a espinha" aos professores foi um erro que só o inebriamento de uma maioria absoluta não deixou ver.
Recorde-se:
Governo socialista que não ouviu a rua, ouviu agora as urnas
A ministra e a política de educação do PS estão entre os derrotados nas eleições de hoje
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