Será que os portugueses vão votar em massa em partidos que rejeitam participar na governação, mesmo que tenham votos para tal? Afinal, a maioria absoluta ainda poderá estar ao alcance do PS.
No post anterior, dissertámos sobre a posição do BE, conforme entrevista de hoje no jornal I. Mas, podemos ainda retirar outras ilações:
Se, ao contrário da direita (PSD e CDS-PP), a esquerda à esquerda do PS não tem vocação de governação, podemos ter a certeza de que muitos portugueses que não votaram PS nas Eleições Europeias vão votar PS nas próximas legislativas.
O BE anda muito confiante com os resultados nas europeias, mas ao colocar-se fora de uma hipotética solução de co-governação para o país, confina-se a uma função de oposição contestatária e destrutiva (em fazer parte do problema e não da solução...). O papel de oposição é bem mais fácil do que encontrar respostas que funcionem na prática e dêm resposta ao problemas reais do país e dos portugueses.
Os portugueses que se preocupam que o seu voto tenha um valor construtivo, em termos de estabilidade e governabilidade do país, vai votar em quem rejeita participar na governação mesmo que tenha votos para tal? É esse o respeito pela vontade democraticamente expressa pelos portugueses?
A direita, pelo contrário, com outra natureza ideológica, não deixa de assumir as suas responsabilidades se os resultados eleitorais assim o ditarem. Se o voto dos eleitores assim o determinarem.
Quem vota útil, os moderados, vai pensar duas vezes antes de votar num partido que se coloca fora da governação, mergulhando o país na instabilidade se necessário, devido aos seus dogmas ideológicos e estratégias políticas.
Por estas e por outras, quem pensa que o PS e José Sócrates estão já derrotados, no que toca às próximas legislativas, desengane-se. Podem ter uma grande surpresa. E não sei se a maioria absoluta está assim tão posta de parte como se vaticina.
Por estas e por outras, também se fomenta a irresponsabilidade nos cidadãos, que muitas vezes preferem refugiar-se na constestação pura, reclamar direitos, mas esquecendo os deveres e as responsabilidades individuais na condução das suas vidas, e ficar à espera que o Estado tudo resolva e providencie.
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