«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, junho 14, 2009

Saber desvalorizado em Portugal

Paula Moura Pinheiro, ao Diário, refere que é «lamentável que o saber não seja mais valorizado.» É o que se sente nas escolas. Nem valorização do saber, nem valorização de valores como o esforço ou a disciplina.

«Há uns anos entrevistei uma dupla de tradutores de russo que contaram que, nos últimos anos da União Soviética, subornavam-se polícias com livros», o que seria impensável no nosso país, em que seria encarado como algo ofensivo.

«Sabemos que em Cuba não há sabonete, mas o nível de literacia e número de escritores cubanos interessantes são incríveis», afirma a apresentadora do Câmara Clara. Isto é, Cuba vive sob uma ditadura de esquerda, mas o conhecimento é valorizado. Um exemplo, no que toca à atitude perante o saber, para uma certa esquerda e uma certa direita.

Paula Moura Pinheiro pinta o quadro em que nos movemos em Portugal:

«Temos uma longa história de iliteracia que nos distingue pela negativa dos restantes países europeus.

Há 40 anos ler era entendido pela maioria das pessoas como algo ocioso e inútil. Há imensas passagens na literatura portuguesa, no século XIX, em que se fazem piadas sobre isso. O Eça, o Camilo brincaram com essa desconfiança estrutural que este povo muito iletrado tem com tudo o que seja actividade intelectual, cujo resultado prático não se vê imediatamente. Este foi o sentimento dominante durante décadas.

As novas investigações em neurologia deixam claro que o cérebro de um leitor é diferente de um cérebro de um não leitor. Tem mais ligações nervosas, está desenvolvido de outra maneira. Portanto, quando falo de leitura é porque tem um impacto maior do que as pessoas imaginam. O efeito que isto tem nas pessoas é muito mais fundo. Se me pergunta se as pessoas aceitam que é importante saber pensar? Claro que não. Por isso é que nós tentamos tornar atraente algo a que as pessoas resistem.»

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