«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quinta-feira, setembro 03, 2009

Fim da democracia representativa e a Net

Alguns destaques do artigo de Ricardo Jorge Pinto, O fim da democracia representativa?:

«Numa democracia representativa, as pessoas escolhem políticos para tomar decisões por elas. Mas as sondagens mostram que os cidadãos cada vez acreditam menos nos políticos que os representam. Alguns teóricos falam mesmo numa crise da democracia representativa e começam a proliferar experiências de formas de democracia participativa

«Os media tradicionais foram molas impulsionadoras das democracias em que hoje vivemos. Imprensa, rádio e televisão têm sido espaços privilegiados para a formação de uma opinião pública que legitima um regime em que alguns poucos tomam decisões por muitos. Talvez os novos media (de que a Internet é a face mais visível) sejam o elemento catalizador para uma mudança em que todos os cidadãos sejam motivados a participar nas decisões comuns

«O consultor político norte-americano Dick Morris (que trabalhou de perto com o ex-presidente Bill Clinton) está convencido de que a Internet pode ser a resposta a esta crise das democracias representativas. No livro intitulado “Vote.com”, este especialista diz que as novas tecnologias da comunicação estão a inventar uma nova era política, a da democracia directa. A interactividade dos computadores e dos telemóveis permitirá aos cidadãos exprimirem-se de forma instantânea sobre as mais diferentes matérias de decisão, influindo nos centros de poder.»

«Barack Obama usou as redes sociais da Internet para recolher milhões de dólares para a sua campanha presidencial, mas para isso teve de ceder competências de organização a grupos de cidadãos que o ajudaram na sua eleição.»

«O historiador Michael Schudson diz que “se os novos media digitais vão ser integrados numa nova democracia política, eles devem ser ligados a uma séria compreensão da cidadania, e isso não acontecerá se simplesmente reciclarmos a velha noção de cidadãos informados”. Isto é, as mudanças previsíveis vão implicar rupturas profundas, no perfil do político mas também do eleitor, por via das ferramentas com que ambos se vão relacionar

«A web permite a emergência de líderes novos, que por sua vez aproveitam a força da rede para reunir apoios, financiar campanhas, mobilizar a sociedade. No mundo pré-YouTube, Obama teria sido eleito? Claramente não. Nem Ségolène Royal teria vencido as primárias do seu partido sem o seu blogue “Désir d’Avenir”, onde criou uma rede descentralizada de apoio.»

«A web não é a democracia directa, mas sim uma melhor democracia representativa; com mais responsabilidade e exposição em tempo real. Cria novos mediadores e reforça o papel dos agentes políticos que forem capazes de orquestrar a inteligência colectiva - o futuro pertence-lhes. Põe enorme pressão sobre estruturas `comando e controlo’, típicas do mundo pré-web. O seu cariz distribuído faz da web a por mais que o poder tradicional a tente controlar. Cria uma nova legitimidade, baseada na transparência, na colaboração e na participação.»

A propósito:
Web fundamental para os eleitores até 30 anos
Revolução digital e jornais

Sem comentários:

Enviar um comentário