O comentário de Rui Mendes, pela troca de ideias (o pensar em conjunto) conduziu a outros pensamentos. Daí a importância desta dialética ou interacção para nos fazer pensar mais além.
Na verdade, a profissão docente é complexa e dífícil de avaliar - não é como avaliar o operário numa fábrica de panelas, por exemplo, em que no final do dia se contam o número de objectos produzidos. No entanto, essa dificuldade não é impedimento para se avaliar o trabalho pedagógico do professor, na medida em que é possível assegurar o mínimo de justiça, racionalidade e objectividade.
Por mais modelos de avaliação que se inventem, o desempenho do professor está dependente, sobretudo, da sua CONSCIÊNCIA E EMPENHO PROFISSIONAIS. É isto (e como o medir?...) que é a principal base motivacional para, como refere o leitor no comentário, os «professores bons para se manterem bons», os «medíocres para melhorarem» e os «maus para o deixar de ser».
É claro que o salário e a carreira também são motivadores. O professor não é um missionário. Mas, sem o BRIO PROFISSIONAL não é o salário que motiva a melhorar. basta pensar que haverá professores que, entre ganhar 1000 e 1.200 euros, entre ter serenidade e andar numa corrida louca pela progressão, que não depende apenas do seu mérito, optarão por ganhar menos mas não se submeterem a um desgaste, que nem garante que seja melhor professor.
Um modelo de avaliação consegue filtrar os casos mais evidentes de incompetência ou desleixo profissional. Por mais controleiro e burocrático que seja dificilmente filtra mais.
Por isso, como o governo sabe bem dessa realidade ou impossibilidade, introduz quotas, em que a avaliação deixa de ser por mérito, mas por critérios administrativos e financeiros (corte no investimento na Educação, uma despesa social).
Assim, que incentivo ao mérito é esse que, independentemente de ser Excelente, posso não ser premiado na carreira e no salário?
Chegamos ao essencial da questão. O mérito é para justificar (atirar areia para os olhos) o barateamento do trabalho pedagógico dos agentes de ensino. Ponto final.
Querem pôr a malta toda, apesar da qualificação superior, a função social essencial que desempenha e o elevado desgaste, a ganhar 1.000 euros a vida toda.
Mil euros é óptimo para quem ganha 500. Como 500 euros é óptimo para quem está desempregado. Compare-se o que ganham os docentes a outras classes profissionais com semelhante qualificação, desgaste e responsabilidade...
Falta de condições de trabalho, desvalorização social e profissional, sujeição à indisciplina e violência nas escolas e ainda por cima dar cabo do salário e da carreira? Lixados e ainda por cima mal pagos?
É claro que os docentes estão aí para a luta.
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