Zona da Tabua tem sido atravessada por dezenas de professores, desde o dia 23, como se tudo estivesse normal.
Será que os professores estão equiparados aos corpos especiais de intervenção em catástrofe, ao lado de polícias, bombeiros e brigadas de limpeza?
Sabemos do alerta online do Serviço Regional de Protecção Civil, IP – RAM, quanto aos «riscos que representam, com estas condições, os percursos auto e apeados, sobretudo nas zonas montanhosas e vertentes expostas», bem como recomenda ainda que, «face ao estado em que se encontram muitas das infraestruturas rodoviárias da Região, em consequência do dantesco temporal deste fim de semana, e persistindo a possibilidade de derrocadas ou deslizamentos de terras, a circulação automóvel deverá reduzir-se ao indispensável e efectuar-se com toda a precaução, prestando especial atenção aos avisos, sinalização e recomendações das autoridades e forças de segurança.»
Mas, quanto aos professores, eles têm atravessado, desde segunda-feira, a ilha de um lado para o outro, mais de uma vez ao dia, passando pelas zonas muito afectadas ou nas quais persiste a possibilidade de derrocadas ou deslizamentos.
Isto entra em contradição com o que diz hoje a Secretaria Regional de Educação e Cultura (ver o Diário), que aconselha que, até à próxima sexta feira, inclusive, as escolas já abertas "sejam apenas utilizadas pelas crianças cujas famílias não tenham outra alternativa para a sua guarda em segurança, a fim de evitar circulação automóvel desnecessária".
E eu a pensar que as pessoas em circulação em dadas zonas, segundo o acima citado aviso da Protecção Civil, constituiria ainda um risco e até atrapalharia os trabalhos de limpeza das estradas... Mas, se calhar, tais apelos dirigir-se-ão, afinal, à população em geral, excluindo equipas de limpeza, bombeiros, polícias e, claro, professores.
Os professores representam, assim, circulação automóvel «indispensável» e o aviso da Protecção Civil não lhes diz respeito.
Os docentes circulam por sua conta e risco, para não arriscarem faltas injustificadas. A questão que se coloca é esta: quem assume a responsabilidade em caso de acidente?
Tudo em nome de uma normalidade dentro da anormalidade do «dantesco temporal» que assolou a Madeira. O valor da segurança não é, sobretudo nesta hora, mais importante do que o valor da (aparente) normalidade?
Não são as indicações da Protecção Civil a terem a primazia neste momento?
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