Álbum dos THE BLACK HEART PROCESSION, em formato USB. Por aqui caminha a desmaterialização da música
A indústria informática avançou mais do que a indústria musical nas últimas décadas e a agonia da segunda está à vista. O formato digital, em crescente qualidade, fez cair, abruptamente, as vendas da música nos formatos tradicionais, embora o vinil seja, neste momento, um nicho em ascensão.
Sou de uma geração que ainda comprou vinil e o CD. É natural que esteja apegado à posse e aos rituais de compra e audição dos discos. Mas as novas gerações não têm essa cultura e o formato digital é a coisa mais natural deste mundo. Têm outra relação com a música. Não é melhor nem pior. É diferente.
Isto para nem falar da qualidade sonora dos formatos, que passou a ser algo secundário na era do formato digital. É só para quem liga a detalhes.
Que fazer perante a realidade actual, em que é mais fácil fazer um download à borla do que comprar o disco?
Há quem diga que as pessoas habituaram-se a não pagar pela música que ouvem e que esse é um caminho sem retorno. Os artistas acabam por investir mais nos espectáculos ao vivo como forma de manter a viabilidade financeira.
Por mim, estou aberto ao formato digital (melómano a falar), desde que tenha, pelo menos, a qualidade do CD (audiófilo a falar) e os álbuns sejam mais baratos (consumidor a falar).
No outro dia dei por mim a pensar no sentido da posse da música em suporte físico. É caro, ocupa muito espaço, é mais difícil transportar, é preciso limpar o pó...
Devem ser os primeiros sinais de desapego material, em virtude da idade... O que interessa é a música, a Arte, não é assim?
«Vivemos estes tempos, é melhor começar a aceitá-los e ver o que eles nos têm para dar», afirma acertadamente Fernando Ribeiro dos MOONSPELL (LOUD Fevereiro 2010), a respeito destas e de outras mudanças.
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