«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quinta-feira, dezembro 30, 2010

Visão estratégica, se não for tarde demais

Artigo de João Welsh no Diário de 24.12.2010 sob o título «Destino Madeira - uma visão estratégica»
photo copyright APAVT

Não é preciso ser-se grande para se ter estratégia, mas é preciso ter-se estratégia para se vir a ser grande” é uma frase marcante da autoria de Jorge Vasconcellos e Sá – uma das maiores referências nacionais do pensamento estratégico - que se aplica na perfeição à reflexão que se impõe a um micro destino. É neste contexto que o Destino Madeira reclama uma estratégia assente nos seguintes princípios:

1.- IDIOSSINCRASIAS DETERMINANTES: a) Ilha; b) micro escala; c) sem praias de areia amarela; d) micro quota de mercado (cerca de 0.1% do turismo mundial); e) localização geográfica; f) natureza marcante; g)clima ameno; h) histórico turístico.

São características que moldam a personalidade do destino e, consequentemente, o seu posicionamento no mercado - onde e como podemos ser competitivos – exaltando sempre os nossos factores distintivos potenciadores de uma marca forte.

2.- MISSÃO: Proporcionar férias de sossego activo numa ilha intimista e atlântica, em ambiente de natureza exuberante e de um património cultural singular.

VALORES: Exotismo; pitoresco; autenticidade; tranquilidade; sossego; segurança; consciência ambiental; hospitalidade.

3.- ACTIVOS ESTRATÉGICOS: “Green and blue” - paisagens, mar e serras (laurissilva); vilas (rejeição às cidades artificiais); património cultural e edificado; levadas e veredas; vinho Madeira e produtos regionais; jardins e quintas.

Activos estes, que têm de ser identificados, definindo um plano para inventaria-los, recuperá-los, protegê-los e promovê-los.

4.- VISÃO: Destino Boutique Premium.

5.- PÚBLICO-ALVO: “Seniors”, “young active seniors” e “well established” do segmento médio alto e alto poder de compra do norte da Europa. Não significa que abdiquemos dos restantes mercados do centro e sul da Europa, mas a nossa micro expressão/recursos, determinam uma focalização da mensagem com vista à maximização do retorno dos investimentos realizados.

6.- ASSINATURA MARCA MADEIRA: Pérola do Atlântico.

Se é assim que somos conhecidos, porque razão se investe tanto a promover novas assinaturas tentando contrariar o mercado?

7.- OBJECTIVO ESTRATÉGICO A 10 ANOS: Receita Global (gasto total dos turistas) superior a MIL MILHÕES DE EUROS (actualmente cerca de 700 Milhões) por via de um aumento superior a 40% da receita média da hotelaria e de taxas de ocupações médias anuais iguais ou superiores a 65%. Só assim garantimos a coerência e viabilidade dos investimentos no sector turístico!

8.- NÃOS: Mega hotéis híbridos que combinam hotelaria tradicional com time-sharing, com índices de construção descontextualizados da micro escala da ilha e geradores de compromissos legitimadores de novos atropelos; time-sharing; all-inclusive’s; anarquia urbanística e artificialização da ilha. Em síntese, o não ao paradoxo da massificação de um micro destino e de tudo o que contrarie os seus VALORES.

O turismo exige uma visão holística coerente com o DNA da ilha, estruturada numa estratégia que garanta um fio condutor das nossas opções, harmonizando os nossos activos estratégicos com os nossos valores por forma a que resulte um produto consistente e diferenciado.

É difícil? Não reúne consensos? Ou será que o problema é não conciliar interesses porque não há coragem para travar projectos autofágicos destrutivos de uma economia turística de valor acrescentado transversal a todos os sectores de actividade.

Em suma, enquanto o destino Madeira não tiver um Plano Estratégico, que seja implementado com determinação, terá como destino a continua perda de competitividade.

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