Let music in, not else
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Por isso, não percebo como a banda redefine, na nova reedição da sua discografia, o seu legado. A não ser o financeiro... Alterando as cores do artwork original? Não acredito que tenham remasterizado novamente os discos originais para as reedições que aí vêm em Setembro, embora os meios tecnológicos hoje sejam outros bem diferentes comparado com há 15 anos. Por isso, cuidado para os apreciadores (sobretudo antigos apreciadores) da música da banda não voltem a comprar o que já têm. Apesar de dizerem que é "newly remastered", convém mesmo verificar, porque o "newly" a que se referem são as remasterizações de 1992, 1994 e 1996...
Para os coleccionadores podem ser apelativas as edições Experience e Immersion com material extra dos discos mais populares da década de 70 ("Wish", "Dark" e "Wall"). A versão alargada Immersion custa mais de cem euros e dedica-se, além dos extras, a outros formatos como DVD ou Blu-Ray, que não interessa, para mim. Dark Side of the Moon, por exemplo, na edição Experience, traz um disco extra com o álbum integralmente tocado ao vivo, em 1974. É um documento interessante. Wish Your Were Here traz um segundo CD com alguns temas ao vivo remasterizados. Não muito relevante. The Wall traz versões demo dos temas. Mais relevante.
Não será melhor optar pelas edições em vinil, originais ou mais recentes? Dark Side of the Moon, por exemplo, até tem uma remasterização de 2003.
Dito isto, as remasterizações são sempre um pau de dois bicos, porque pode alterar a "verdade" da música tal como foi editada originalmente. Nos anos 80, no advento do CD, ainda quando ouvia Pink Floyd a sério (antes de conhecer outros rocks), não por mera nostalgia como hoje praticamente acontece, comprei nesse formato os quatro álbuns mais populares dos anos 70. Entretanto, ofereci dois deles. Mantenho o The Wall e o Animals dessa primeira transposição AAD para CD. Nunca as substituí pelas remasterizações. Repus há tempos o Wish You Were Here, na versão remasterizada, porque não tinha o disco em casa há cerca de dez anos e tive um ataque nostálgico.
Um dia que faça a análise comparativa entre a primeira edição em CD e as remasterizações, direi se vale a pena, se a obra manteve a sua integridade original e se o melhor som (supostamente) ainda nos faz gostar mais da música em si.
Há remasterizações mal feitas que tornam o som falsamente limpo, cristalino, fininho, artificial. Espero que não seja o caso das remasterizações dos Pink Floyd, que nada têm a ver com a tendência assassina, para a musicalidade, dos últimos anos, em puxar pela gama média para impressionar os ouvintes de leitores de mp3, o chamado loudness (compressão do som que o torna menos natural, real e musical, sem a devida dinâmica de frequência, com perda sobretudo para as frequências graves, sem sublinhar as nuances, os contrastes, as transições, a diferença entre a sombra e a luz, entre os sons mais altos e os mais baixos, sem espaço entre instrumentos, som mais duro r ser uma parede compacta de som, o que e induz cansaço precoce no ouvinte, também pelo maior volume e distorção).
Além de a melhoria de som ser pouca, muitas vezes aproveitam para mexer na música em si, limar algumas coisas e adulterar o que inicialmente foi editado. E aperfeiçoar nem sempre significa ficar melhor. Melhor pode ser pior nestas coisas do som.
Tenho vasta experiência dessa realidade em algumas incursões audiófilas - sempre para servir melhor a melomania, a paixão primeira, mesmo que fosse ilusório muitas das vezes esse ideal: apesar de tudo, entre upgrades e downgrades, e muito stress, tenha chegado a um ponto de conciliação e bem-estar, o meu Santo Graal, com colunas Monitor Audio Silver RS6 Black, amplificador de potência Myryad MA240, pré-amplificador Rega Cursa, leitor de CDs Rega Planet, giradiscos Rega Planar 2, subwoofer REL Strata III, cabos de coluna Straightwire Duet para o grave e Waveguide para o treble e cabos de interligação Straightwire Symphony II + Audioquest Sidewinder.
As novas edições dos álbuns de Pink Floyd, para sacar mais uns trocos ao pessoal, não é Santo Graal nenhum. O Final Cut no velho vinil já está a rodar... e que som. Tal como no Pros and Cons of Hitch Hiking, álbum a solo de Roger Waters, adoro as transições/contraste entre os momentos sussurrantes e os momentos explosivos.
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