Uma imagem pode valer mil palavras, mas pude também confirmar através das próprias ondas sonoras: Death Magnetic na versão do jogo de vídeo Guitar Hero III é bem melhor do que o som da edição discográfica do álbum, seja em CD ou vinil.
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A problemática foi já abordada noutros posts (recorde tudo a partir de Compressão do som trama Metallica), mas hoje estou em condições de retirar as conclusões definitivas.
A banda parece não se ter preocupado com os fãs que, perante o som comprimido de Death Magnetic, solicitavam a re-mistura («re-mixed» em oposição a «remixed) e/ou remasterização do álbum.
Daí a difusão na internet do álbum na versão que vem no Guitar Hero III, que não deve estar a agradar nada à banda ou à editora. «Audiophiles would be better off recording the songs from the video game than buying the album because the Guitar Hero version has far more dynamic range than the hyper-compressed CD version.»
Com os temas da edição standard (mp3) e as faixas do Guitar Hero, pude comparar, juntamente com outras pessoas, as duas versões e perceber a enorme diferença de qualidade, dinâmica e musicalidade. Agora posso apreciar o álbum. Logo que me apercebi do problema, nas vésperas do lançamento em 2008, cancelei logo a compra do disco em vinil ou em CD. Caso contrário, ainda hoje choraria o dinheiro.
Posso confirmar o que foi veículado na WIRED: «the CD is boosted as much as compressively possible, making it 10 decibels louder than the Guitar Hero version while completely bleaching out the dynamic range.» Depois de verificar a diferença de volume, tinha de ajustá-lo quando mudava de versão durante a comparação musical.
A faixa número 9, o instrumental "Suicide & Redemption", foi uma das utilizadas para o "estudo" comparativo. São estas as conclusões:
A parede de som da versão standard empurra as guitarras (e a vocalização) para a frente, tornando-as mais presentes, proeminentes e dominantes que tudo o resto. Torna o som menos musical, mais duro e induz cansaço precoce no ouvinte, também pelo maior volume e distorção.
O som comprimido dá menos espaço aos instrumentos, que surgem como que compactados e encavalitados uns nos outros (daí também a expressão «brick wall»), retirando espaço sobretudo ao baixo e à bateria, que perdem impacto e ataque. Esta soa mais seca e com menor profundidade. O baixo ouve-se menos, como que espalmado, e fica relegado para segundo plano. Soa tudo pouco natural sem a devida dinâmica de frequência.
O baixo e a bateria (baixas frequências) são abafados em favor da vocalização e da guitarra (médias-altas frequências). Até os pratos da bateria soam mais presentes e agressivos (mais em cima das médias-altas frequências) na versão standard. Na versão do Guitar Hero os pratos soam mais no extremo das frequências (agudos), mais suaves e naturais.
Na versão Guitar Hero o baixo e a bateria têm maior amplitude, são mais expansivos, redondos, mais profundos, mais naturais. Os instrumentos surgem todos nos sítios certos, bem separados uns dos outros e cada qual com imenso espaço à sua volta.
Em síntese, a gravação do jogo de vídeo sublinha as nuances, os contrastes, as transições, a diferença entre a sombra e a luz, entre os sons mais altos e os mais baixos. Mais natural. Mais musical.
Para um basshead como eu, era de facto uma tristeza não ouvir como deve ser a bateria de Lars Ulrich e o baixo de Robert Trujillo. Não percebo como a banda pode aceitar uma brincadeira destas, que interfere e condiciona a audição da música. Para impressionar mais na rádio, nos iPods ou nas jukeboxes?
Felizmente, a versão Guitar Hero circula na Internet e salvou a malta.
A propósito:
Death Magnetic, onde moram os graves?
Compressão do som trama Metallica (Metallica victims of loudness)
Compressão do som trama Metallica (Metallica victims of loudness)II
Because bass matters
O que outros disseram:
Death Magnetic sounds better in Guitar Hero
Para quem quer a dinâmica de volta aos discos:
Turn Me Up
Justice For Audio
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