«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sábado, setembro 13, 2008

"Death Magnetic", onde moram os graves?

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Coloquei a versão pirata (uso-as apenas para conhecer alguns álbuns antes de decidir ou não pela compra) de Death Magnetic, o novo de Metallica, no leitor e pedi a alguém, cá de casa, para uma opinião.

A primeira pergunta que me atirou, à medida em que evoluía a primeira faixa do disco, foi a seguinte: «o subwoofer está ligado?»

E isso diz tudo. Death Magnetic tem pouca proeminência da secção rítmica: o baixo soa distante e não sentimos o metralhar dos bombos da bateria como seria conveniente. Não há aquela base envolvente dos graves.

Falta de graves e pouca proeminência da secção rítmica, baixo e bateria, numa banda rock é fatal, no meu ponto de vista.

Os Metallica e o produtor Rick Rubin, pelos vistos, acharam que isso não era importante.

Aí o produtor Bob Rock, que gravou o Black Album, Load, ReLoad e St Anger, foi mais eficaz. Em St. Anger, altura em que os Metallica ficaram sem baixista, é o próprio Bob Rock que toca o baixo. E ouve-se/sente-se o calor dos graves. O som está alicerçado e tem profundidade, não é flat.

Experimentem comparar, do ponto de vista sonoro/audiófilo, estes últimos quatro álbuns com os primeiros quatro, dos anos 80, e também o novo Death Magnetic.

Ou então comparem com discos de Ministry e outras bandas com graves a sério. Como já referi, o A Sense of Purpose de In Flames, acabadinho de sair, tem graves a sério. Deveria ser obrigatório para todas as bandas rock.

I'm addicted to bass, I can't help it.


NOTA:
What is a sub-bass system?

REL Strata subwoofer system.

«Many so-called ‘full-range’ loudspeakers cannot reproduce the low bass frequencies found on most music and movie discs, which are necessary for the accurate reproduction of the original recording and help to impart a natural ambience that is immediately recognisable by listeners as being closer to ‘the real thing’. Of course, movie DVDs incorporate a dedicated bass channel for the deeper bass special effects, but a properly designed sub-bass system will not only reproduce these with accuracy, it will also augment the output of conventional stereo and surround loudspeakers with very low frequency bass that is felt rather than heard. The result is greater fidelity. The system with a wider bandwidth will always sound more realistic and ultimately more entertaining and stimulating.»
REL Acoustics

Recordar:
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3 comentários:

  1. Caro Nélio,
    O problema que apontas é um problemade estúdio que até se pode resolver com facilidade e não tem propriamente que ver com a qualidade das canções. Há muito que não ouço os Metallica nem conheço os trabalhos deles para aí desde and justice for all... nem a música deles me interessa por aí além, mas a historiografia do rock e da pop está cheio de exemplos desses. Trata-se de um trabalho de produção, nada mais. Agora se esse trabalho é em si arte musical ou simples operação de cosmética, é outra discussão, mas é verdade que influencia o trabalho final de forma decisiva, pelo menos tratando-se de grupos com forte dependencia da produção, como o caso dos Metallica.

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  2. Rolando Almeida,
    A produção desta forma, com mais guitarras/agudos e menos secção rítmica/graves, é claramente intencional.

    Uma opção tanto da banda (ou de quem mais manda nela) como do produtor. Eles têm o estúdio que querem neste mundo. Não há limitações financeiras.

    A opção faz sentido para ir buscar o tal som de Metallica à anos 80. Um som típico das bandas thrash. O novo de Testament vai nesta linha.

    Agora, quem não deve gostar muito de não se ouvir é, sobretudo, o baixista. Ao vivo vai soar mais poderoso.

    O Bob Rock é que puxou mais pelos graves, para um som mais moderno (menos metal), patente nos discos da década de 90 e St Anger.

    São opções e o novo baixista certamente não tem o mesmo poder de decisão dos outros elementos da banda.

    O disco fica agressivo nas guitarras (médios e médios graves), mas menos avassalador na secção rítmica.

    Uma questão de gosto, obviamente, que não põe em causa a qualidade das canções do ponto de vista da composição. Tornará a audição, para alguns "bass addicts" como eu, menos estimulante.

    Estou a lembrar-me de uma faixa de graves avassaladores dos Sunn O))).

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