«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sábado, setembro 24, 2011

Ajustes de contas que penalizam os madeirenses



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As responsabilidades da governação madeirense não podem ser escamoteadas e desculpadas, mas não se faça crer que é caso único no País nem se confunda a governação (e o seu líder) com os governados.

Como disse Augusto Mateus há dias na SIC Notícias, este tipo de situação «não é exclusiva da Madeira» e tem a ver com a «crise do Estado português». São regras que não são cumpridas e transparência que não existe. Daí defender que, «antes das ilações político-partidárias», há um «problema da governação, de democracia e de cidadania».

O ajuste de contas relativamente a Alberto João Jardim fizeram alguns embarcar na ideia do "quanto pior, melhor", confundindo a Madeira e os madeirenses com o líder do Governo.

Isso serve a estratégia de combate eleitoral do partido do poder, já que Alberto João Jardim veio argumentar, ontem, que um «povo em circunstância alguma se pode deixar humilhar», porque «essa é a nossa dignidade, é a nossa identidade».

Ninguém coloca em causa a gravidade das contas. A má gestão, as ocultações, passivos e endividamentos de outros pelos País fora não justifica que a Madeira tenha feito o mesmo. Os erros dos outros não justificam os nossos.

A questão é o passivo da Madeira ter sido tratado da forma que outros passivos não têm sido. Por ser Alberto João Jardim? Por ser uma região autónoma? Por as entidades fiscalizadoras deste País nunca terem querido tirar tudo a limpo mais cedo e ter sido preciso a troika cá vir ? (O Governo da República já anunciou que irá apresentar legislação para que omissões e situações similares não se possam repetir em outras entidades do perímetro do sector público).

Um deputado madeirense do PS à Assembleia da República, Rui Caetano, insurgiu-se contra o «estigma que está a cair sobre a Madeira e os madeirenses», dizendo que é madeirense e considera que «se está a usar a dívida, os buracos e os erros de governação na Madeira para fazer esquecer os erros colossais que o País fez ao longo do tempo.»

O problema da governação regional foi não ter sabido parar. Se a primeira fase de desenvolvimento da Madeira foi importante, sensivelmente até final do século XX, para tirar este território do atraso infraestrutural a que tinha sido votado pela ditadura, os últimos dez anos mostraram uma saturação da estratégia baseada nas obras públicas. Dizer que está tudo à vista e a população beneficia desses equipamentos não é argumento suficiente. A ideia de fazer obras para benefício eleitoral deve ser ajuízada criticamente pelos cidadãos.

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