Um concerto muito especial do vocalista e guitarrista Thurston Moore (Sonic Youth), uma presença improvável na Estalagem da Ponta do Sol em 29 de setembro deste 2012. Certamente vários astros alinharam-se para tal ser possível.
Durante duas horas (!) cantou e tocou, primeiro com guitarra acústica e depois com guitarra elétrica. Excelente em qualquer dos registos, mesmo que a guitarra acústica emprestada desafinasse com facilidade - Moore faz uma afinação não convencional de modo a extrair um som próprio.
Pelo meio disse poemas escritos durante a sua passagem na Madeira como “Unstable Weather” ou “No Questions Asked”. Um deles falava de Amália («voice of rain”) e Carlos Paredes.
A parte acústica fez-se com os temas Friend, In Silver Rain with a Paper Key, Mina Loy, Blood Never Lies, Honest James, Never Day e Circulation. Este com um final sónico a preparar a transição para a eletricidade. Quatro destes do mais recente disco a solo, Demolished Thoughts (2011) e os restantes três de Trees Outside the Academy (2007).
A eletricidade arrancou com sete temas do seu primeiro álbum a solo, Psychic Hearts (1995 – reedição em 2006): Queen Bee and Her Pals, Pretty Bad, See Through Playmate, Feathers, Tranquilizer, Staring Satues e Ono Soul.
Neste último fizeram-se ouvir fortes rasgos elétricos e um interlúdio noise, em que Moore deambula pelo palco e aproxima do amplificador a guitarra de modo a produzir os devidos efeitos. Por algum motivo o tema dizia “bow down to the queen of noise”. E foi isso que os presentes fizeram, num dos momentos altos da noite. No final, a ironia do rocker: “should I keep going or is this too weird?”
Antes do Psychic Hearts a fechar o concerto, três novidades da sua nova banda, CHELSEA LIGHT MOVING: Burroughs (invocando e questionando o fantasma do poeta William S. Burroughs, a quem Moore chama ‘Billy’: “What’s the cure for pain?” ou “the sweetest drug is free, so will you please shoot it into me?” – ouvir aqui no blogue da Matador), Sleeping Where I Fall e Frank O'Hara Hit.
Aos cinquenta e quatro anos o rapaz está cheio de vitalidade e muito rock para dar. Será o Rock a fonte da eterna juventude (a de espírito) e da felicidade?
Quanto ao futuro dos Sonic Youth, pioneiros do rock alternativo, nada de sabe. Se calhar nem os próprios...
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