A escritora Dulce Maria Cardoso, autora d'O Retorno, um livro sobre a perda, diz numa entrevista recente (UP, março de 2013): «Um sobrevivente precisa de uma dose muito grande de determinação mas também precisa de outra de indiferença.» E precisa a sua ideia: «É preciso ser muito indiferente para não sucumbir e continuar».
Está tudo dito. É de facto assim. São muitos os fortes e determinados que sucumbem porque, precisamente, não conseguem ser indiferentes. Não desligam, não deixam fluir, carregam o mundo às costas e são arrastados para o fundo.
Penso agora duas vezes quando alguém deita mão à estratégia da indiferença. Não significa que não se importe, pelo contrário, pode até se importar demasiado ou já se ter importado demasiado durante muito tempo. E, por isso, necessita de ser indiferente para sobreviver, isto é, manter o equilíbrio. De si só cada um sabe.
É claro que ao ser humano não basta sobreviver, é outro debate, mas sobreviver é a base para acontecer tudo o resto. Não menosprezemos, pois, a sobrevivência.
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