Derrocada de cravos altamente simbólica quando o Presidente discursava em favor da atual governação |
Para o Presidente da República o problema não é a governação que provoca a "ansiedade e a inquietação" (e desemprego, exploração e empobrecimento) dos portugueses, mas sim quem dá voz a essa ansiedade e inquietação, sejam os partidos da oposição, sindicatos ou movimentos sociais.
Cavaco Silva resolveu ainda salientar a importância do "consenso político alargado" mas cometeu o erro de ter sido parcial ao colocar a pressão basicamente sobre a oposição, em especial o maior partido da oposição ("a conflitualidade permanente e a ausência de consensos [...] irão afetar gravemente o interesse nacional"). A oposição só recebeu críticas enquanto o Governo, além de críticas, recebeu elogios.
Cavaco Silva está claramente comprometido com a política do Governo a apoia-a. Faz parte do problema e não da solução. Por isso, terá uma manifestação à porta no dia 25 de maio. Não tem olhos para a realidade e as circunstâncias. Não vê as consequências erradas de uma estratégia portuguesa e de uma certa Europa, mas apenas a obediência a essa estratégia, mesmo que dê cabo do País e espolie a vida dos portugueses. O que importa é cumprir a "receita", mesmo que seja experimental e esteja a dar cabo do paciente.
Para ele, o problema é ainda a hipotética "grave crise política" (note-se o uso do "grave" num mero cenário) de umas eleições antecipadas e não a "crise económica e social" (note-se a ausência do adjetivo "grave" na situação real e presente). Não vê outra alternativa senão obedecer cegamente à troika, seja que Governo for, mesmo que nos atire para uma espiral recessiva, empobrecimento e miséria.
Os maus resultados do Governo ou o facto de não estarem a governar com o programa que foi sufragado nas eleições não interessa ao Presidente, para quem ouvir os portugueses nas urnas é maior perigo ou dano do que a governação atual, que nos espolia e atira para a pobreza e a miséria todos os dias.
É nestes momentos cruciais que fica tudo à mostra. Cavaco Silva também não está ao lado dos portugueses e torna-se no quinto elemento que se junta à troika e ao Governo. Como saímos daqui? Voz aos cidadãos.
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DISCURSO NA ÍNTEGRA
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