Dead Combo em concerto, na Ponta do Sol, em 2012 |
O tempo de isolamento / solidão é encarado como incómodo, infelicidade ou uma atitude anti-social. Mas é uma necessidade. A não ser que fujamos de nós mesmos. É importante para criar espaço para si próprio, para estar consigo mesmo, para balanço, updates e ajustamentos pessoais, para afinar a sintonia interna/externa.
Agustina Bessa-Luís, a respeito da construção da personalidade criadora, in 'Alegria do Mundo', refere que «a harmonia do comportamento social requer, todos o sabemos, tanto o isolamento como o convívio. Excessiva comunicação, debates exagerados de assuntos que requerem meditação e peso moral, avesso muitas vezes à cordialidade natural das afinidades electivas, não enriquecem o património de uma sociedade. Antes embotam e alteram o terreno imparcial da sabedoria.»
A construção do pensamento precisa de tempo, reflexão e ponderação. Daí a citada escritora afirmar que a «solidão favorece a intensidade do pensamento; por outro lado, torna de certo modo celerado o homem que lida com a força material, com a técnica, com os outros homens. O impulso é a força que actualiza estas duas atitudes. Os ricos de impulso que se prontificam a uma reacção agressiva ou escandalosa, esses são associais especialmente difíceis.»
E diz mais: «Todo o revolucionário é associal, se o impulso for nele um desvio da vida instintiva, e não uma atitude de homem capaz de obedecer e mandar a si próprio.»
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A propósito:
Solitude
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