«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

sexta-feira, agosto 05, 2016

So long Marianne, história de um amor vivido



«Listening to Leonard Cohen's songs, it feels as though he's singing precisely to you. Marianne had that gift: she made you feel that you were seen; she made you become a better version of yourself. With her eye for beauty, she made everything around herself beautiful.»
(Kari Hesthamar, autor do livro So Long Marianne - A Love Story e amigo de Marianne)

Marianne Ihlen, norueguesa que foi amante e musa inspiradora de Leonard Cohen, ficou imortalizada em "So Long, Marianne". Tinha 81 anos quando morreu em Agosto de 2016.

Cohen e Marianne conheceram-se nos anos 60, na ilha de Hidra, Grécia. De acordo com o mito, o poeta tê-la-á visto a chorar num mercado - após ter tido conhecimento do caso do seu então marido com outra mulher - e convidou-a para se juntar aos seus amigos.

Nos anos subsequentes, Cohen e Marianne partilhariam uma paixão imensa; o primeiro dedicou-lhe não só Flowers For Hitler, um dos seus livros, como também escreveu "So Long, Marianne" em sua homenagem, após o fim da relação, sendo que a versão original intitulava-se "Come On, Marianne", um pedido para que a "musa" voltasse para junto de si.

Imortalizar um amor num poema ou numa canção não está ao alcance de qualquer um... Nunca vi, nos dias de hoje, tanta gente desligada do mundo, da vida, do amor. Só falta mesmo as pessoas fazerem uma apólice de seguro para amar. Não querem correr riscos. Não querem ser enamorados/amantes, mas apenas amigos... Até na paixão e no amor querem ser politicamente correctas... Falta desafio? Ou talvez seja uma necessidade de as pessoas estarem sós consigo mesmas... e não apenas um conforto asséptico.

O sofrimento do NÃO-VIVER é mil vezes pior do que o sofrimento do fim de um amor. Perguntem ao Leonard Cohen...
 

No seu "Elogio do Amor", Miguel Esteves Cardoso afirma que «já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão prática. Porque dá jeito.» Porque é conveniente. E pergunta: «já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?»

E diz mais: «nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia». A estes apelida de «alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.»
Como colocou Fernando Pessoa, o «valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.»


Vá, façam como o poeta Leonard Cohen: amem. Com intensidade. Com clarividência. Mas de que serve se agarrar à segurançazinha e ao medozinho da treta?...

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