«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quinta-feira, junho 01, 2006

127. «Pata rapada» 2



Cameron Diaz: exemplo de surfista «pata rapada»...

Recorde-se uma carta do leitor de Outubro de 2003, "Pés descalços, onde?", que voltou a ganhar alguma actualidade:

1. Quem é pé descalço? Quem ganha em média 5.416 euros "média do rendimento mensal do surfista segundo a Surf Industry Manufacturers Association (SIMA)" ou a maioria de uma população a ganhar menos de 400 euros mês?
2. Segundo a SIMA, as indústrias ligadas ao surf movimentam 5 biliões de euros (1 bilião de contos ou mil milhões de contos), por ano. O orçamento da Madeira é menos de um quarto das receitas produzidas pelo surf.
3. Quem é pé descalço? Os 54% de surfistas que viajam pelo menos uma vez por ano ou a esmagadora maioria de uma população que nunca viaja?
4. Quem é pé descalço? Quem gasta várias centenas de contos (só em viagens) para vir da Califórnia à Madeira fazer surf, ou a maioria dos nós madeirenses que nunca terão condições para ir à Califórnia?
5. Quem é pé descalço? Um surfista que é médico, professor universitário ou empresário ou o elevado número de analfabetos literais e funcionais, que temos?
6. Praticantes de surf como o português Pedro Lamy ou a Cameron Diaz (apenas a estrela com melhor salário de Hollywood) são pé descalço?
7. O Arnold Schwarzeneger, governador da Califórnia, que fez campanha usando uma prancha de surf, é pé descalço?
8. Pode querer-se para a Madeira [apenas] um turismo [de carro topo de gama e de hotel de luxo,] elitista (mesmo aquele que come sardinha em lata no papo-seco, nos bancos de jardim...), conservador e alheado das questões ambientais, que se limita a pagar bem e a bem calar, mas é inútil minimizar o impacto desse desporto chamado surf (associado à qualidade de vida e à aventura), na promoção gratuita que faz da Madeira turística.
9. Por que razão se usam, afinal, imagens dos «pé descalço» em sites institucionais, revistas e outros meios para promover a Madeira como destino turístico?
Dá jeito, pois, mas não os protestos que denunciam a destruição dos recursos naturais do litoral... Num ápice, consoante os oportunismos e porque o surf é sensível ao ambiente, os surfistas passam de bestiais a bestas.

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