«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

terça-feira, setembro 19, 2006

55. PÚBLICO sobre "Lost Jewel"

Artigo do jornal Público sobre o surf, o Jardim do Mar e o filme-documentário Lost Jewel of the Atlantic. Para quem não conseguiu comprar a edição em papel, do dia de ontem, aqui se deixa a notícia em duas partes (clicar sobre imagens). Nos comentários deste post, um leitor fez o favor de deixar o texto.

2 comentários:

  1. ACÇÃO POPULAR CONTRA GOVERNO DE JARDIM

    Governo regional ignora estudo para recuperar surf na Madeira

    Tolentino de Nóbrega


    Ambientalistas queixam-se ao Tribunal Europeu do impacto negativo dos quebra-mares do Jardim do Mar e Ponta do Sol

    A Save the Waves Coalition vai apresentar queixa no Tribunal Europeu contra o governo regional da Madeira por utilizar fundos comunitários em obras marítimas sem salvaguardar questões ambientais.
    O mesmo movimento ambientalista - revelou o seu porta-voz, William Henry, ao PÚBLICO - vai mover simultaneamente uma acção popular contra o executivo de Alberto João Jardim, alegando que tais investimentos no domínio público prejudicaram a prática do surf em zonas com especial aptidão para esta nova atracção turística mundial.
    Apesar dos protestos dos surfistas, que são tema do documentário Lost Jewel of the Atlantic ("A jóia perdida do Atlântico"), em exibição no Funchal, o governo madeirense ignorou as soluções técnicas para recuperar o surf no Jardim do Mar, no Lugar de Baixo e no Paúl do Mar. No caso do projecto proposto por Pedro Bicudo, entregue há três anos à Secretaria do Ambiente e Recursos Naturais, nunca entrou em contacto com o seu autor. "As pessoas não percebem a importância do surf que hoje atrai tanto turismo como marinas ou campos de golfe", comentou ao PÚBLICO aquele professor de Física no Instituto Superior Técnico e praticante de surf.
    Este estudo procura mostrar como a construção de quebra-mares prejudica a prática do surf e apresenta duas categorias de soluções técnicas para resolver o problema. Bicudo reconhece que as propostas são dispendiosas, mas argumenta que "a preservação de um desporto como o surf, que move mundialmente bilhões de dólares, que goza de uma imagem publicitária fortíssima e que mantém um grande potencial de crescimento, justifica o investimento". Acrescenta que as soluções defendidas também facilitavam o acesso das populações, banhistas e turistas à orla costeira.
    Sobre o efeito negativo do quebra-mar, construído em várias localidades da costa sul da Madeira, Bicudo recorda que o surf é um desporto que se pratica na rebentação das ondas. "Estas ondas são geradas normalmente a milhares quilómetros da costa, pelas grandes tempestades atlânticas. A onda apenas rebenta adequadamente para o surf quando passa sobre um recife ou sobre um banco de areia, ou seja, rebenta quando a profundidade se torna inferior a cerca do dobro da altura da onda", esclarece.
    Na costa da Madeira, frisa o estudo, o fundo do mar é geralmente mais inclinado e mais profundo do que na costa continental. Esta profundidade permite que ondas grandes quebrem a escassas dezenas de metros da costa. "É tudo isto que torna as ondas da Madeira raras e perfeitas para o surf, sendo únicas no mundo", explica Pedro Bicudo, reconhecido activista na preservação dos recursos oceânicos, que desde 1995 publica a previsão da evolução da ondulação na costa ocidental de Portugal.
    Bicudo alerta que "este tipo de onda é muito sensível à construção de um quebra-mar". Nos casos do Jardim do Mar, do Lugar de Baixo e do Paúl do Mar, o mar junto ao paredão tornou-se demasiado profundo, tornando "o surf muito mais perigoso e de menor qualidade".

    Problema ainda
    tem solução
    O professor do IST - que presentemente estuda para Cascais a projecção de uma onda nova através do recurso a tecnologia já aplicada na Austrália, Nova Zelândia, Califórnia e Brasil - diz que a solução para o problema da Madeira consiste em desmontar, parcialmente ou totalmente, o quebra-mar, libertando a praia de calhau num corredor de pelo menos dez metros de largura acima da linha da maré cheia.
    Para o Lugar de Baixo propõe desmontar integralmente o quebra-mar em frente ao antigo armazém da banana e junto à lagoa, dado que já não tem nenhuma utilidade, após a transferência da marina para poente do local onde se pratica surf. Traria vantagens como a recuperação das ondas para os surfistas, da lagoa para as aves, e da praia de calhau para os banhistas, pescadores e turistas. No caso do Jardim do Mar - considerado o "Hawai da Europa" e palco de alguns dos eventos mais importantes do mundo do surf, que recebeu em 2000 as 13 selecções apuradas nos World Surfing Games para o campeonato do mundo de ondas grandes - Bicudo propõe que o quebra-mar seja desmontado parcialmente e substituído por um muro de suporte desde a rampa até à ponta do Jardim.

    Documentário desagrada a Alberto João Jardim


    Alberto João Jardim reiterou a intenção de processar a Save of Waves Coalition (SWC) pela produção do documentário Lost Jewel of the Atlantic, a cuja ante-estreia, quinta-feira no Funchal, não compareceu nenhum membro do governo ou do PSD, convidados para o evento. "Se lá for algum, poderá haver alguma remodelação mais cedo", advertiu o governante que acusou a associação de divulgar "falsidades" e denegrir internacionalmente o nome da Madeira.
    "É assim com intimidações e ameaças que o governo regional funciona para confrontar quem se opõe aos seus objectivos", lamenta William Henry, realizador do documentário. "A filosofia da minha organização e o objectivo deste filme não é "erguer muros", mas antes deitar abaixo os muros que separam a indústria e os ambientalistas, os políticos e os cidadãos, e os surfistas e uma boa parte do mundo que não entende os fundamentos do nosso desporto", disse na apresentação.
    Após a estreia do filme, numa sala visitada na véspera pelos serviços regionais de inspecção, o secretário do Equipamento Social, Santos Costa, negou que a construção do passeio costeiro tenha afectado as condições para a prática do surf, asseverando que são actualmente melhores que antes da muralha. Disse ainda que o enrocamento foi adjudicado, por concurso internacional, como objectivo proteger a arriba da erosão marítima.
    "A Pérola do Atlântico, como a Madeira é, incluindo o Jardim do Mar, continuam a ser a mesma", disse Santos Costa, justificando a política governativa para o litoral "em termos ambientais e numa perspectiva de defesa e satisfação da população". Por isso, disse não "pactuar com a mentira propalada ao nível internacional" pela SWC, nem "tão-pouco com uma actuação que é denegridora do governo e do trabalho feito em prol da população". T. de N.

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  2. Esta reportagem traz elementos novos e importantes. É grave que o governo tenha ignorado as propostas de um reputado professor do Técnico. Se é verdadae, o governo do sr. Jardim deveria ser responsabilizado por ser autista e arrogante. A ignirância atrevida do srs. Santos Costa e Manuel Antonio também deveria ser julgada.

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