«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quarta-feira, outubro 18, 2006

Comissão Diocesana Justiça e Paz

Mais uma crítica, publicada hoje no Diário, agora do interior da Igreja, à intervenção da Comissão Diocesana Justiça e Paz sobre a Lei de Finanças Regionais, comissão que pensa ainda viver os tempos do PREC. Destaque-se o essencial das palavras do padre José Luís Rodrigues:

«[A] forma como o fez, totalmente tendenciosa e numa linguagem reivindicativa que mais parecia um comunicado de um sindicato afecto ao poder político, roçou a indecência e conotou a Igreja toda com uma situação que importava manter-se equidistante.»

«Nunca se viu uma comissão Justiça e Paz formada a partir do poder político. Mas, na Madeira, o mais inverosímil acontece e quem se admira com isso é tonto ou está na Madeira velha.»

«Deve alertar para a justiça e o desenvolvimento para todos. Nunca, como se viu, fazer eco das reivindicações de um poder instalado. Um grupo da Igreja não é um sindicato».

«Alguma Igreja Católica da Madeira deixou-se seduzir pela construção desenfreada, fez festa, muita festa e ajudou à festa do despesismo. As várias obras custeadas totalmente pelo poder político foram presentes envenenados que hipotecaram a liberdade da Igreja.»

«O preço que a Igreja da Madeira vai pagar por tudo isto só agora começou, só é pena que os responsáveis de tal pastoral/política estejam de abalada.»

1 comentário:

  1. Ainda sou do tempo em que os senhores padres, nos dias das eleições, faziam um enorme parênteses nas homilias para apelar à participação cívica dos católicos e ao cumprimento do dever cívico de votarem”. Até aqui tudo bem; havia coerência com a doutrina da igreja católica “contemporânea”.
    O curioso era a advertência que se seguia ao apelo ao voto: diziam que votar era um dever e uma responsabilidade; que se deveria “escolher bem” (nunca me esqueço desta); “escolher livremente mas com responsabilidade” – o que pressupunha a existência de partidos irresponsáveis. Mas havia uns ainda mais radicais e que revelavam as suas preferências pelos partidos do centro que respeitavam “a nossa moral” e doutrina cristãs... E havia ainda um mais idoso que ia mais longe e que dizia que votava sempre no mesmo (“mas credo em cruz, que cada um votasse de acordo com a sua consciência”)...
    Graças a deus que abracei a causa do ateísmo na minha adolescência (a minha professora de História foi a culpada e as leituras de Freud atiraram-me mesmo para o mundo dos pecados carnais, definitivamente), de maneira que deixei de acompanhar as subtis manipulações dos senhores padres nos dias das eleições.
    Sei que há uma nova geração mas que parece demasiado minoritária. Quanto aos velhos, a avaliar pela pecaminosa comissão diocesana, perderam mesmo o pudor que lhes restava e vão todos para o Inferno, graças a deus.

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