A deputada à Assembleia da República Júlia Caré, na bancada do grupo parlamentar do PS, por ter sido sindicalista de notoriedade na década de 90, foi confrontada com algumas perguntas, que procuravam explorar possíveis contradições. Faz parte do jogo político. Welcome to politics... O contexto foi a sessão do Debate Nacional de Educação, promovida ontem pela Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, no Funchal (Tecnopolo).
Rui Anacleto, director regional da Educação, perguntou o que pensava a deputada das políticas do Governo da República para a educação, com a actual situação dos professores à cabeça.
O professor José Maria, presidente de uma escola, depois de lembrar o desempenho sindical de Júlia Caré, perguntou que posição tinha, agora, sobre as leis do Governo do Partido Socialista para a educação, em que incluía, além da revisão do estatuto de carreira dos docentes, a gestão das escolas. Porque já se fala que o partido socialista poderá alterar o modelo de gestão e administração das escolas, num caminho em que a eleição democrática da direcção poderá cair. A gestão democrática das escolas, recorde-se, foi cavalo de batalha, durante anos, por parte do Sindicato dos Professores da Madeira, liderado por Júlia Caré.
Quanto a este aspecto, a deputada respondeu ao acentuar a sua preferência por lideranças "bottom up" (de baixo para cima) em contraponto com o conceito de liderança "top down" (de cima para baixo), mencionado por um interveniente no debate. Ficou claro o pensamento de Júlia Caré.
Por outro lado, percebe-se também que a gestão das escolas é um espinha atravessada na garganta da administração regional, após a decisão do Tribunal Constitucional há poucos meses, que obrigou as escolas a despoletarem eleições para a direcção, leia-se conselhos executivos, para o ano lectivo em curso.
Quanto ao estatuto da carreira docente, alertando que não era mandatária do Ministério da Educação, não deu uma resposta cabal, mas foi dizendo que aquando da aprovação do actual estatuto «não havia excesso de oferta de professores» como acontece hoje. Em forma de pergunta, disse achar bem que o Ministério da Educação escolha os «melhores» profissionais. E mais não adiantou, já que não há ainda uma lei definitiva.
Nota para o debate construtivo e leal, como salientou no final o presidente da mesa, que se desenrolou entre as 15h e as 18h:30m. O actual momento de clivagem entre professores e Ministério da Educação (Governo) poderia prever intervenções mais duras, nomeadamente da parte dos docentes e sindicalistas presentes. Os assuntos foram abordados de forma frontal, mas elevada.
Veja ainda:
- Debate Nacional de Educação 3: estatuto de carreira dos professores
- Debate Nacional de Educação 2: geral
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