«O 25 de Abril rompeu com uma ditadura que vigorava há 48 anos. Eu, nessa altura, estava convencido que agora as coisas iriam passar a ser diferentes. De facto passaram, em quase todo o território nacional e mesmo aqui na Madeira. Mas, também um facto que nós saímos de um regime de 48 anos para um regime de 30 anos, que, não sendo evidentemente um regime antidemocrático, é um regime que está bloqueado desde o início. Este regime nunca foi capaz de criar alternativas de poder, nem dentro do PSD nem na oposição. Como isto acontece à trinta anos e sucede-se aos 48 que o país teve de bloqueio, não posso ser optimista em relação ao futuro. Não me parece que este sistema gere alternativas ou gere alterações.»
«Acho que um governante patriota devia ter o cuidado de fomentar a alternância democrática. Obviamente que não falo de «entregar o ouro ao bandido» para fazer oposição, mas sim criar condições de participação e alternância. Essa política não está estabelecida na Madeira. Bem pelo contrário! A estratégia do PSD tem sido infiltrar tudo, de tal maneira que torne impossível, para as outras forças políticas, implantar no terreno as suas ideias.»
«O PSD-M tem tido uma estratégia de dominar completamente, tem uma espécie de células em todos os locais, até nas bandas de música. Tenho a certeza que não existe em nenhum outro local, desde que existe democracia no nosso país, uma interpenetração tão grande entre o que devia ser de teor partidário e o que devia ser do foro do Governo. Em suma, quase todos são dependentes do Governo.»
Carlos Fino, Tribuna da Madeira, 9.12.2006
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