«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

"Não" conservador

A leitura cultural e sociológica sobre o voto Não, esmagadoramente maioritário no interior Norte e nas Ilhas, incomoda alguns sectores porque expõe o conservadorismo contrastante com a cultura mais progressista do Sul e zona Litoral do país. Só isso. Ler isto não é colocar em causa a liberdade de escolha e as convicções de ninguém. É o que é e pronto. Há problema ou incómodo do Não assumir-se nas suas escolhas e convicções? Não se vê os votantes pelo Sim incomodados com as leituras sobre o seu sentido de voto... Eis um valor acrescentado dos referendos: ajudar a traçar o mapa sociológico e cultural do país. Fica tudo à mostra, embora numa perspectiva ampla (dominante). É preciso transparência para depois ninguém andar a fazer-se passar por aquilo que não é, conforme as ocasiões.

No entanto, há motivos para optimismo (moderado): a evolução, relativamente ao referendo de 1998, é um bom indicador quanto ao facto de que Portugal caminha no sentido de uma sociedade mais aberta, moderna e progressista. Na Madeira, o Sim cresceu mais de 10% relativamente a 1998. Um pequeno passo no tempo de vida de um madeirense, mas um grande passo no sentido do progresso e da modernidade socio-cultural insular.

Não sei porquê, mas sinto uma contradição entre «modernidade socio-cultural» e «insular»...

Ética, moralismo e política

1 comentário:

  1. Nélio,
    Estou totalmente em desacordo consigo. Convictamente, eu votei Não.

    No inicio da construção de uma posição sobre qualquer matéria, esta exige estudo, recolha de informação ampla, sem ideias predefinidas, e principalmente com a mente bem aberta. Mas convém acrescentar que qualquer um de nós tem um conjunto de princípios e valores que regem as nossas decisões e que posteriormente são pesados os prós e os contras. Eu sou pela defesa da vida e estou convicto que existem alternativas que passam pela maior responsabilização do Estado nos mais diversos sectores que são transversais ao aborto. O actual sistema não é perfeito, e há que aperfeiçoa-lo.
    Este tema não é novo para mim, a minha decisão no passado domingo é o reflexo de alguns anos de estudo, de alguma experiência acumulada, de exemplos, de reflexão, que naturalmente vão amadurecendo a nossa posição. Eu pesei muito as posições dos que lidam no seu dia a dia com as mulheres que inicialmente iam abortar e que foram persuadidas a não o fazer e requereram o apoio de casas de acolhimento. Pesei também os que cuidam de crianças desfavorecidas, institucionalizadas, que acreditam que está ali uma vida e que vale a pena defende-la.

    Se chama isto ‘’conservadorismo’’? Que o seja. Então eu sou um Conservador!

    Quando refere ‘’cultura mais progressista do Sul e zona Litoral do país’’ lembro-lhe que a zona Sul do continente é influenciada esmagadoramente e de forma cega pelo PCP. Se chama mais ‘’progressista’’…

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