Será que ter vocação para professor significa ter predisposição para o masoquismo?
Com humor se dizem coisas sérias. Deixamos aqui a caricatura que fez Ricardo Araújo Pereira, na Visão da semana passada (por favor, clicar sobre imagem para ler), que acaba por expor a realidade (realidades), no dia em que a televisão noticiou mais uma agressão a uma docente.
Aquele artigo dá conta do movimento pendular de um extremo para outro, em termos educativos, nomeadamente no recurso à violência física: se antes os docentes, enquadrados no modelo então vigente, aplicavam castigos físicos, agora são os alunos e pais a aplicar violência física, verbal e psicológica sobre os professores. Como se isso resolvesse alguma coisa. Contudo, é um sintoma da desvalorização (hostilização mesmo) da escola e do professor. Enfim, quando temos um Ministério da Educação que, em vez de contrariar esse factor, o sublinha... está tudo dito. Quando o exemplo vem de cima...
A indisciplina na escola e as violências referidas vão caindo numa certa normalidade. Daí o masoquismo: o docente vai sofrendo as situações de obstáculo ao seu trabalho, às aprendizagens e à educação, em silêncio e isolado no seu cantinho (sala de aula), com medo de falar e agir não vá ser um caso raro ou cair sobre ele a ideia de menor profissionalismo, como se a docência fosse um combate num ringue de luta livre, que exige aptidões militares... Em vez de os docentes tomarem uma atitude capaz de alterar a situação isolam-se. E isolados nada alteram. «Pelo menos os que vão conseguindo escapar com vida», como diz o articulista. Ao menos escapassem com saúde...
Quando se exige aos professores essa coisa mágica a que chamam vocação, será que é para ajudar a escolher uma «profissão em que ganham mal, não sabem onde vão parar no ano seguinte e todos os dias arriscam levar um banano de um aluno ou de qualquer um dos seus familiares»? Será vocação «amor ao sofrimento» ou «falta de juízo»? Como diz ainda o artigo, «ser professor, hoje, não é uma vocação; é uma perversão». E remata: «Gente que ensina selvagens filhos de selvagens e, depois de ser agredida, não sabe guiar a polícia até à árvore em que os agressores vivem, claramente, não está preparada para o mundo.»
é pá vocês já viram aquele blog dos gajos do cds....fraquinho!
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