«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE
terça-feira, maio 01, 2007
«Claustrofobia democrática»
A alfinetada de José Sócrates, no dia 27 de Abril, ao atribuir à Madeira «claustrofobia democrática», gerou ondas de choque na campanha eleitoral para as regionais antecipadas de 6 de Maio.
Alberto João Jardim não resistiu a reagir: «esse cavalheiro disse que a Madeira tinha claustrofobia da democracia, mas nós temos é fobia da mentira, não gostamos de mentirosos, incompetentes, dos que roubam a Madeira e até temos fobia de pessoas que não tornam claras as suas habilitações literárias sendo Primeiro-ministro» (Diário 29.04.2007).
Manuel Monteiro (PND) vem à Madeira, em 28.04.2007, dizer que «Jardim é o mais fiel herdeiro de Estaline», acrescentando que «se houvesse um campo de concentração ele enviaria para o campo todas as pessoas que livremente pensam.» Afirmou ainda que existe «um lado oculto na política madeirense que é a falta de liberdade, de cidadania» (Diário 29.04.2007).
No dia 29 de Abril, Francisco Louça (BE), na Região, incendeia mais os ânimos ao recordar o alegado «passado "fascista" de Alberto João Jardim» (Diário 30.04.2007).
O visado não tarda a retorquir: «Já vi aí dois fascistas. Manuel Monteiro, o fascista-mor da Madeira velha; e o fascista Francisco Louçã, que queria acabar com a zona franca e provocar dois mil desempregados. Quero que esses fascistas venham todos, só não vem o que eu queria.» (Portugal Diário 29.04.2007).
Horas depois o líder nacional do BE diria: ««Alberto João Jardim diz que o Bloco e os seus candidatos são fascistas. Alberto João sabe bem do que está a falar, pois foi durante muito tempo director do jornal do partido único da ditadura aqui na Madeira. É por isso catedrático em ditadura e fascismos» (Portugal Diário 29.04.2007).
António Fontes (PND) «criticou o facto de na região não existir democracia nem liberdade de expressão há 30 anos e salientou que "as eleições são uma farsa"» (Diário 1.05.2007).
E foi a «claustrofobia democrática» que detonou (trouxe à tona) tudo isto. Uma inovação relativamente ao célebre «défice democrático» de Mário Soares, ainda por cima sugerida pelo próprio PSD nacional, que afirmara, no 25 de Abril, que, "do ponto de vista da liberdade de opinião e da liberdade de expressão, vivemos, aqui e agora, num tempo de verdadeira claustrofobia democrática", deixando o governo socialista incomodado ao ponto de o devolver à procedência, que utilizou, para o efeito, o regime madeirense.
Isto preocupa a esmagadora maioria do eleitorado madeirense? Claro que não. Estão bem habituados à claustrofobia (canga) da sua condição insular... Já corre nas veias. É um modo de vida.
Recorde-se a claustrofobia cultural, a revolução cultural em falta, a revolta da Madeira ou a relação entre governação e sociedade madeirenses.
photo copyright: Cati Kaoe
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