«Andávamos todos enganados quando afirmávamos que este Governo, com um conjunto de casos que tinha vindo a lume, estaria a pôr em causa aspectos fundamentais de uma sociedade democrática. Havia, mesmo, quem achasse que tínhamos regressado ao tempo do delito de opinião, da delação, das perseguições. Mas não, pois há fortes indícios de que, afinal, há democracia. Senão vejamos:
1. PODEMOS FALAR MAL DO GOVERNO
Como informou a Senhora Secretária de Estado da Saúde, não tem mal dizer mal de um ministro, do primeiro-ministro ou, até, do Governo todo. Basta, para tanto, que se esteja em casa, num café ou numa esquina e se esteja a conversar apenas com amigos. Ainda bem que tudo se esclareceu…
2. É RECONHECIDO O PAPEL DOS SINDICATOS
Em entrevista recente, a senhora Ministra da Educação reafirmou que não consegue imaginar uma sociedade democrática sem sindicatos. Não estes, claro, mas dos outros. Certamente, daqueles que não reivindicam, não denunciam, não lutam, em suma, dos que não representam os seus supostos representados… mas, ainda assim, designam-se sindicatos na mesma e a questão é que havia quem pensasse, injustamente é claro, que os governantes eram contra os sindicatos.
3. PODEMOS CONTESTAR O PRIMEIRO-MINISTRO
Porque o Engenheiro Sócrates disse, há dias, no Porto, que os protestos são a festa da democracia e, em Abrantes, dias antes, que era um político democrático. Portanto, cenas como as de Guimarães ou do Funchal, em que foram apresentadas queixas na polícia contra dirigentes sindicais não passaram de indecentes explorações mediáticas de situações provocadas por pacóvios locais.
Ainda bem que é assim, pois já havia gente preocupada (eu não, claro!). Peço desculpa, até, se fui mal entendido em algum dos meus comentários anteriores, mas que neles não se encontre qualquer crítica ou, sequer, um mínimo de desconfiança em relação ao elevadíssimo sentido democrático dos nossos governantes. Nem de desabafos se tratava. Talvez, apenas, alguma falta de clareza nos textos pudesse levantar dúvidas, mas sem qualquer intenção. Ainda assim, em situações futuras, força… é para isso que serve o lápis preto (qualquer relação com “lápis azul”, “censura”, etc. só compromete quem a fizer, ok?).
E é tudo. Despeço-me, não sem antes, contudo, deixar um Viva o Nosso Primeiro, Viva a Senhora Ministra da Educação, Viva o Senhor Ministro da Saúde, Viva a Senhora Directora da DREN, Viva o Senhor Governador Civil de Braga, Viva o Menino Presidente da JS de Vieira do Minho… E Vivam todos os que mereciam estar aqui explicitamente saudados, mas que, por falta de espaço, não foi possível referir (acreditem que não esqueci nenhum, trago-os/as todos/as no coração).»
Mário Nogueira
Professor
(Secretário-Geral da FENPROF)
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