Depois de, no dia anterior, até os bispos portugueses se terem juntado ao coro daqueles que se queixam da falta de diálogo do Governo de José Sócrates, Cavaco Silva deixou hoje um alerta:Defendeu, com os vários casos que têm vindo a público em mente, uma «atitude diferente da parte dos poderes públicos», não deixando de fora também as atitudes dos cidadãos na relação com esses poderes. Quer que os «agentes dos poderes públicos [tenham] cuidado com as atitudes.» Ou não fosse o exemplo a maior autoridade. E o exemplo tem de vir de cima.
A correcção das atitudes é o «esforço a fazer no domínio da qualidade da democracia.»
O Presidente da República falava à RTP, quando foi confrontado com o alegado autoritarismo e clima de intimidação da parte do executivo nacional. Sem pronunciar-se sobre casos específicos, fez o reparo, embora não possamos esquecer que não poderá dar muitas lições de anti-autoritarismo, se lembrarmos algum do período governativo como Pimeiro Ministro.
Nem o PSD nacional pode arvorar-se em paladino da democracia quando na sua casa, leia-se Madeira governada pelo seu partido, há «agentes dos poderes públicos» cujas atitudes estão enfermadas de semelhante autoritarismo e intimidação de que é acusado o executivo nacional. Haja pudor e honestidade intelectual.
Até porque o alegado autoritarismo pode ser encarado por José Sócrates e o seu executivo como "simples" e "benigna" «disciplina democrática»...
Quem discorda, que se abstenha de falar e "levantar ondas". Mas, «pode-se dizer o que se quer em casa, nas esquinas ou nos cafés entre os amigos», como dizia alguém do governo no outro dia.
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