Diário de Notícias da Madeira 23.8.2007 |
Diário de Notícias da Madeira 2.2.2005 |
Já reflectimos noutros textos (aqui ou aqui) sobre os factores na origem dos resultados escolares negativos que a avaliação externa nacional tem ditado para a Madeira (não esquecendo os resultados ao nível do desenvolvimento pessoal, humano e cidadão dos nossos jovens, que não são medidos/visíveis externamente mas são de capital importância).
Por que razão, afinal, os estudantes da Madeira demonstram menor qualidade (piores resultados académicos e menor desenvolvimento social/de cidadania) do que os alunos ao nível do país, como traduzem os resultados?
Se há um elevado investimento nos equipamentos e nos recursos humanos na Madeira, têm de surgir resultados. É preciso perceber por que razão eles ainda não surgiram. Alguma coisa estará a falhar.
Todos os intervenientes partilham a sua quota parte de responsabilidade mas, muitas vezes, esquecem-se os factores menos visíveis e, sobretudo, sem rosto, que não podemos personalizar e exigir contas. Que custam mais a mudar do que edifícios e recursos humanos.
O contexto socio-cultural da sociedade madeirense (e da sociedade portuguesa no seu todo) é um factor crucial:
Baixas (ou ausência de) qualificações, conservadorismo, insularidade, ruralidade, chagas sociais como o alcoolismo, a violência doméstica ou bolsas de pobreza e analfabetismo (o clássico e o funcional), poucos estímulos para a disciplina, treino, rigor e amadurecimento do raciocínio, escassa cultura de trabalho (empenho), desvalorização do saber, da escola e da actividade intelectual, desigualdade de oportunidades, nivelamento por baixo, não privilegiar nem reconhecer da competência, domínio do tráfico de influências em lugar do mérito no acesso ao emprego e à mobilidade social, entre outros.
As duas notícias do Diário (2Fev2005 e 23Ago2007), que aqui se reproduzem (por favor, clicar sobre as imagens para ler), espelham bem os efeitos que o background socio-cultural tem nos resultados escolares das novas gerações.
Por isso, na Madeira, não haverá milagres quanto aos valores do insucesso escolar. Há um atraso que leva tempo a recuperar. Quando se encara e interpela a realidade do factor socio-cultural no desempenho escolar, como nos exemplos referidos do Reino Unido ou do Canadá, é mais fácil encontrar respostas.
Muito já se tem feito na Madeira, mas levará mais algumas décadas. A evolução acontecerá com políticas ou programas mais adequados (incisivos) para superar as especificidades da realidade socio-cultural geradora de insucesso educativo e com a persistência do investimento nas pessoas.
Simultaneamente, há uma revolução socio-cultural e cívica que falta acontecer na Madeira, para que esse contexto socio-cultural se transforme. Somos uma sociedade acanhada, padecendo de vários males endémicos, que aqui já se tem abordado (ver etiqueta no arquivo temático).
É preciso um espaço público em que as pessoas se possam expressar, em todas as dimensões de actividade humana, na máxima potência de vida. Ter espaço para crescer, sem certas amarras socio-culturais.
Não é só a escola que transformará tal contexto. Mas pode ajudar se a deixarem. Se cuidar de prevenir o insucesso escolar em vez de, sobretudo ou apenas, o remediar. Se evitar que os nossos jovens escorreguem para o insucesso.
Cuidar de arranjar umas vias paralelas (currículos empobrecidos) para pôr fora da escola e das estatíticas os filhos do insucesso escolar não resolve o problema de fundo e não prepara as pessoas para a vida, que vai muito além da actividade profissional.
O desenvolvimento de competências para a vida é mais do que instruir ou treinar para uma profissão técnica de cariz manual, na «crença de que os pobres gostam mais das expressões motoras e artísticas do que da actividade intelectual», como refere Sérgio Niza.
A responsabilidade é de toda uma sociedade, em que se inclui a comunidade escolar, é claro, da qual fazem parte os profissionais da pedagogia (professores). Todavia, as raízes do insucesso escolar são mais profundas e abrangentes do que uma análise superficial descortina.
O sistema de recolha de imagens no Parlamento Regional não permitirá às TV ter acesso às mesmas para ilustrar as suas reportagens noticiosas. As imagens colhidas são para alimentar a videoteca da ALRM e disponibilizar via internet. Como é evidente só uma minoria tem acesso à internet no seu quotidiano e muito menos serão aqueles que estarão interessados em seguir estas emissões on-line.
ResponderEliminarO presidente do parlamento afirma que não disponiblizará tais imagens às TV uma vêz que estas têm os seus próprios recursos para as colher. Portanto a justificação estará no pretenso egoismo deste sr. quando a verdade é mais grave. Pretendem continuar a censurar a oposição pois como toda a gente sabe esta aparece filmado por trás ou de lado. A Assembleia e a RTP/M vivem dos nossos impostos, portanto têm o mesmo patrão pelo que não se percebe o porque de não partilhar recursos. O sistema precisa de ser rentabilizado pelo que a melhor forma seria as televisões (RTP, SIC, TVI) que pretendessem imagens as pagarem. Como é evidente a questão não é financeira mas de censura política.
A oposição não pode aceitar esta situação e a melhor forma de a denunciar é falar directamente para a c^mara da RTP/M, acidentalmente estarão a virar as costas aos PSD/M e ao seu sistema privado de recolha de imagens mas isso é problema deles.
Esta situação é intolerável e a oposição terá que usar todos os meios para a denunciar e alterar!
O insucesso escolar tem raízes históricas, o grande responsável foi o regime político que nos dominou até 1974, mas existem outros pequenos responsáveis ao longo destes últimos anos. Os ministérios da educação dos sucessivos governos andaram a brincar à educação. Sempre que chegava um novo governante, deitava no lixo o que o anterior tinha feito e começava tudo de novo. Os estudante e os professores que se desenrascassem. ESperemos por melhores dias nesta campo. Mas não me parece!
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