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quinta-feira, setembro 27, 2007

Professores de luto e em luta 52: o insucesso dos professores é o sucesso do sistema

antero.wordpress.com

O insucesso do professor, na avaliação do seu desempenho profissional, é o sucesso do Ministério da Educação: a tutela educativa nacional (logo veremos o que fará a regional) tratará de assegurar os níveis necessários de insucesso docente, para que esse trabalho seja suficientemente barato.

O Ministério da Educação quer colocar o ónus do factor socio-cultural nos ombros dos docentes. Quer considerar os resultados escolares dos alunos e a redução do abandono escolar, como factores relevantes da avaliação individual do professor.

Os professores que leccionarem em determinadas meios deprimidos do ponto de vista socio-económico e cultural estão bem arranjados.

É preciso cordeiros para sacrificar e assumir as culpas dos responsáveis pelas políticas economicistas desastradas da Educação. Não só para a vida profissional dos docentes, mas com consequências pedagógicas para os alunos (um dia destes daremos conta disso), que a seu tempo a sociedade perceberá. Tarde, como sempre.

Já aqui se disse que nem tutela nem as escolas devem proteger os maus profissionais, porque é um mau serviço à docência. Sempre existiram serviços de inspecção e mecanismos para resolver a manifesta falta de empenho ou competência, que nunca devem ser ignoradas ou relativizadas. É péssimo que alguns casos penalizem, perante a opinião pública, o profissionalismo e o empenho da maioria.

Mas, não é responsabilizando os docentes por variáveis socio-culturais que não controlam que se avalia o mérito das pessoas. O sucesso da acção do professor não depende apenas do seu trabalho na sala de aula. O Ministério da Educação sabe isso, mas não quer saber. Até é bom colocar os docentes perante missões impossíveis porque é mais certo, à partida, impedir as progressões.

O conceito de assiduidade, item da avaliação, contraria o disposto no artigo 103.º do Estatuto da Careira Docente, se se confirmar (como parece) que são penalizadas as ausências decorrentes de situações legalmente protegidas e/ou considerada como serviço lectivo efectivamente prestado.

Já toda a gente tinha percebido que a avaliação que o Ministério da Educação quer intistuir para os professores é um instrumento de delapidação de salários e de corte nos gastos com pessoal, como se esses profissionais fossem dispensáveis perante tantas necessidades de qualificação que tem o país.

O Ministério da Educação dá-se por feliz com a penalização na carreira e no salário, recusando uma avaliação que ajude a formar melhores professores. Se um professor mantiver um mau desempenho, o facto de ganhar menos ao fim do mês, produzirá alguma melhoria em termos pedagógicos e educativos? É assim que se salvaguarda o interesse do aluno?

Se ganhar menos e não subir na carreira o professor já passa a satisfazer o sistema... O insucesso do professor, na avaliação do seu desempenho profisional, é o sucesso do Ministério da Educação: a tutela educativa nacional tratará de assegurar os níveis necessários de insucesso docente, para que esse trabalho seja suficientemente barato.

1 comentário:

  1. A questão é exactamente essa. O problema do ministério da educação reside no dinheiro. Eu votei convictamente no PS mas nunca pensei que iriam tirar uma tesoura de dentro das pastas e cortar e mais cortar por todo o lado e feitio. Assim não conseguem a qualidade que tanto pedem. Há muito a mudar no nossos sistema de ensino, mas não é desta forma.

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