«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

domingo, julho 06, 2008

Razões para não ir ao Porto Santo

Por detrás desta imagem exótico-idílica há muitas razões para não pôr os pés no Porto Santo.

Nunca pensei concordar tanto com Duarte Jardim (Placa Central da revista do Diário 9.9.2007): «É por estas e por outras que não ponho os pés, há não sei quantos anos, na ilha que se diz ser dourada!»

Referia-se, o articulista, ao preço muito "dourado" dos transportes para a ilha vizinha, comparado com o que acontece em Canárias.

Colocado de parte o hábito de lá ir na estação estival e o apego emocional, há várias razões para não ir ao Porto Santo. É o exotismo conferido pela praia ao Porto Santo que exerce o poder de atracção e faz com que muitos relativizem as razões ou desvantagens apontadas.

Transporte
A questão do preço exorbitante para navegar ou voar para uma ilha aqui mesmo ao lado. A que se junta o tempo excessivo de viagem, no caso da via marítima.

Se o presidente do Governo Regional achou, em 2007, escandaloso que os madeirenses paguem 200 euros para voar para Lisboa face aos 70 euros que os espanhóis pagam entre Las Palmas e Barcelona (quase o dobro da distância), então pagar 50 euros de barco e 116.92 euros de avião (Tarifa = 75 euros; Taxa aeroportuária=40.92; Taxa de serviço=1 euro), para o Porto Santo, é ainda mais escandaloso.

A Naviera Armas é muito mais competitiva nas viagens para Canárias, com mais de 10 horas de viagem: 48,82 Euros em cada sentido, a preços do mesmo ano de 2007.

Tempo
Instável e ventoso. Apanhar com vento na cabeça e nas orelhas durante dias seguidos torna a entrada num qualquer lugar fechado um alívio. Nunca se sabe o tempo que se vai apanhar no Porto Santo.

Preços
Os gastos com a alimentação e a estadia escaldam. Por vezes sem a correspondente qualidade. É a maldição da sazonalidade e da dupla insularidade, que também servem de álibi.

Pequenez
É mais uma «prisão oceânica». Sair de uma ilha para se enfiar noutra, com a agravante de estar-se sujeito a encontrar as mesmas pessoas que se encontra na Madeira todo o ano, é bom para quem procura o Porto Santo para ver e ser visto.

Limitação à praia
Destino limitado, praticamente, à praia durante o dia e aos mesmos passeios no centro da vila, à noite.
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Fui ao Porto Santo, pela primeira vez, aos 7 ou 8 anos de idade. No Pirata Azul. Na altura, após o comum enjoo no barco, logo que pus os pés em terra, virei-me para meus pais e disse algo como «ao Porto Santo nem mais um pingo». Ou seja, nunca mais.

Já lá voltei, sobretudo quando a vontade familiar não deixa alternativa, mas a viagem de barco continua a ser uma maçada e não consigo relativizar os outros aspectos.

Nem aquela memória de paraíso - na acostagem ao cais do Porto Santo nos anos 70 ficou gravado o exótico azul-esverdeado da água e o dourado da areia - exerce decisivo poder de atracção, no meu caso. Será por a pressentir irrepetível?

Todavia, defendo o Porto Santo com unhas e dentes quando é para evitar praias artificiais de areia na Madeira, umas ilhas minúsculas e caras de areia amarela rodeadas de cimento por todos os lados. Quem quer areia amarela autêntica que vá ao Porto Santo, em lugar de destruir a autenticidade da costa madeirense.

Anuncia-se, como se fosse mais um «momento histórico», que Machico terá uma praia artificial de areia amarela e outra de areia branca. Mais uma «asneira histórica» em direcção à progressiva "canarização" e destruição do nosso património natural, feita com a alegria da irresponsabilidade.

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Depende das Opiniães

8 comentários:

  1. Caro Nélio,
    Completamente de acordo. Quando cheguei à Madeira, topei logo que os madeirenses ostentam o bronze do Porto Santo, mais ou menos o mesmo que os Nortenhos e o Algarve (metem-se lá em julho para ostentar o bronze aos pobres, simbolo de distinção social). Os madeirenses até a casa lá constroem. É uma forma de se distinguirem entre iguais, pois, pelo menos para mim, o POrto Santo é um lugar morto e para esquecer. Só lá fui uma vez em trabalho e penso viver toda a vida na Madeira, mas não devo lá por mais os pés, pelo menos por vontade própria. Aquela ilha tornou-se em mais uma boa psicofoda insular.
    abraço

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  2. se tivermos que falar em escandalos teremos falar na otima recepção que a Naviera Armas tem recebido no porto do Funchal com o recente serviço Portimão-Funchal que mostra claramente que o serviço incomoda demasiadas pessoas
    desde uma jornalista a escrever que o preço cobrado pela naviera é escandaloso, demoras por controlo policial no desembarque, prioridades dadas ao Lobo Marinho no porto, cargas rodadas que apesar de irem do continente tem que ir em comboio policial até ao Caniçal para passar pela alfandega e um misterioso cabo "flutuante" que aparece na zona de atracagem e se enrola no leme e no helice, tudo isso leva a que se pense claramente que alguem quer a Madeira isolada e com ligações limitadas com o exterior.
    um serviço de ferries é um meio bastante eficaz para o transporte de pessoas e mercadoria e Portugal tem estado completamente de costas viradas para soluções deste tipo, no entanto, quando aparece alguem, e neste caso estrangeiro a tentar estabelecer uma rota desse tipo é afugentado literalmente á pedrada.
    não sei se ao aparecerem companhias aereas de baixo custo o tratamento não irá ser semelhante

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  3. para se poder comparar os preços do trajecto Funchal - Porto Santo aqui fica os preços do trajecto Portimão - Funchal (escandalosos para alguns) cedidos pela Navigomes, o representante da Naviera Armas aqui no continente

    Itinerário / Horário


    Portimão/Funchal - Domingo, com partida às 11:30
    Funchal/Tenerife - Segunda-Feira, com partida às 19:00
    Tenerife/Las Palmas - Terça-Feira, com partida às 8:00
    Tenerife/Las Palmas - Sexta-Feira, com partida às 16:00
    Las Palmas/Funchal - Sexta-Feira, com partida às 19:30
    Funchal/Portimão - Sábado, com partida às 10:30

    Entre Terça e Sexta o navio faz percursos entre as Ilhas Canárias

    Preços / Condições (um só trajecto)

    Por pessoa (inclui um lugar em poltrona) = 82 €
    Por pessoa em camarote de 2 lugares (ocupados) = 164 €
    Por pessoa em camarote de 2 lugares (ocupado por 1) = 328 €
    Por pessoa em camarote de 4 lugares (ocupados) = 164 €
    Por pessoa em camarote de 4 lugares (se ocupado por 3) = 164 €
    Por pessoa em camarote de 4 lugares (se ocupado por 2) = 240 €
    Por pessoa em camarote de 4 lugares (se ocupado por 1) = 520 €

    · Todos os preços excluem alimentação e bebidas ou consumos a bordo
    · Crianças até perfazerem 4 anos têm bilhete gratuito

    Viaturas (um só trajecto)

    Ligeiras até 5 metros de comprimento = 110 €

    Reservas e venda de bilhetes na net em: www.naviera-armas.com e no escritório da Navigomes – Naviera – Armas, em Portimão, na Gare Marítima do Cais de Comércio e Turismo de Portimão, preferencialmente aos Sábados das 1000 às 1700 Horas, e aos Domingos das 0800 às 1000 Horas.

    Todos os bilhetes, mesmo os comprados na net, têm de fazer “check-in” no escritório da Navigomes até 2 horas antes do embarque, preferencialmente ao Sábado, ou ao Domingo só até às 1000 Horas.

    Neste momento o bilhete de 1 trajecto é válido até aos Portos das Canárias.

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  4. Obrigado pelos comentários, em especial os dados avançados sobre as ligações marítimas entre Funchal e Portimão.

    «[A]lguém quer a Madeira isolada e com ligações limitadas com o exterior».

    Também começo a pensar que sim. A recente liberalização aérea, nos termos em que se concretizou, sem cautelas e num país em que o mercado não funciona, parece feita para manter os madeirenses cativos na sua «prisão oceânica». Assim permanecerão anestesiados e a pensar que o Rochedo é o centro do mundo.

    Iremos ver se vão dar semelhante tratamento às companhias aéreas concorrentes como têm dado à Naviera Armas...

    Abraço,
    nelio

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  5. Subscrevo completamente todas as opiniões aqui expressas.
    E comungo principalmente a opinião do Sr. Duarte Jardim. As viagens para o Porto Santo deveriam fazer-se sempre a partir do Caniçal. Não há paciência para 1 hora e 1/4 de viagem até a Ponta de S. Lourenço.
    Assim as viagens teriam de ser mais baratas e, principalmente, menos combustível gasto pelo navio.

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  6. Estou de acordo com tudo desde preços de estadias no PSanto ás viagens, mas os porquês dos entraves ao Ferry não têm nada a ver com o querer a madeira isolada mas apenas com monopólios instaurados ( portos e explorarão são do A parques e marinas são do B etc).
    Alguém se lembra do Ferry LUSITANIA? ( o que foi a Timor ) .. então era um ferry que ainda efectuou algumas ligações entre FXO e PXO mas que embora o armador se prontifica-se a custear todas as adaptações portuárias nunca foi autorizado a transportar viaturas enquanto estas eram içadas ali ao lado para outro navio .
    Quando o(s)armador(es) do Outro navio decidiram adquirir ou alugar um .. aí o GR deciu pagar as ditas adaptações muito mal executadas de inicio ( com o nosso pelim é claro ) .
    O Lusitania tambem passou por esse ipisódios de cabos que se partem durante a noite ; falta de assistencia nos portos ; vistorias mais apertadas e de supresa etc etc ... ajudem-me a classificar do que é que se trata ... talvez na bela ITALY isso tenho nome . Não me estico mais

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  7. Gente como voçês não fazem cá falta nenhuma, não apareçam mesmo, sempre são menos uns azelhas numa bicha de supermercado levando tudo e mais alguma coisa que quando um portossantense lá vai depois de sair do trabalho tem mer... para além do que parece que o Porto Santo é só vosso e ainda dizem mal

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