«Este o mais ambicioso e o mais importante programa do plano tecnológico», declarou José Sócrates sobre o programa e-escolas.
Enquanto anda toda a gente inebriada com os computadores distribuídos ninguém se questiona. Não colocamos em causa a necessidade de os portugueses terem acesso às tecnologias da informação. Apenas o método.
Há ganhos para o governo porque fica sempre bem na fotografia dar coisas ao povo.
Há ganhos para as operadoras móveis fruto da fidelização de três anos a que obriga o contrato. Tanto assim é que já oferecem computadores a 150 euros também às empresas.
Há ganhos para os fabricantes de computadores, que dão vazão ao stock de portáteis da anterior geração. Imaginem isto multiplicado por dezenas de países...
Por isso, não admira os elogios e prémios que as empresas como a Microsot ou a Toshiba têm atribuído ao governo português... It's business, stupid.
Pagar 150 euros por um portátil que ronda os 600 euros no mercado atrai e, à primeira vista, parece um bom negócio.
Acontece que os computadores não são da última geração e o aderente ao e-escolas fica sujeito a uma fidelização com a operadora por 3 anos para a ligação à Internet, que tem limitações de tráfego/velocidade (1GB por mês e velocidade de 512 Kbps) e funciona como um tempo de habituação ao produto, uma forma das operadoras móveis se expandirem muito no mercado. É uma técnica de marketing. Como acham que a Microsoft fez o Windows dominar?
O que o governo deveria ter feito era proporcionar acesso às tecnologias de informação e à banda larga de ligação à Internet para todos os portugueses e não para alguns grupos. E como?
Não distribuindo computadores como os Romanos atiravam pão para o público nas arenas - é ver aquelas cenas tristes (pouco dignas) com governantes a distribuir a "esmola" a professores e alunos - ou dar negócio lucrativo às operadoras móveis.
Simplesmente, fazendo baixar o custo do acesso à Internet para o público em geral, não para este ou aquele grupo apenas, e dispensando de IVA, por exemplo, a gama de computadores mais acessíveis ou então ser uma despesa passível de figurar no IRS das famílias com alguém em formação ou frequência escolar.
Além disso, para estudantes e professores, seria muito mais adequado os notebooks (mais leves, mais pequenos e mais fácéis de transportar: «at half the size of regular notebook and weighing less than 1 kg, you can take the Eee PC anywhere», diz este fabricante), em lugar do portátil clássico que está a ser vendido.
Quando se apregoa uma «solução que garante a mobilidade, condição importante para o pleno exercício da actividade docente» e escolar, deveria ser de muito melhor mobilidade.
É mais fácil transportar um portátil de 3kg ou um notebook de 1kg ou menos?
Presta-se mais à mobilidade um portátil de 37 por 27cm ou um notebook de 27 por 19cm (estes nos écrans maiores de 10", porque há mais pequenos)?
Um notebook vai dentro da mala do professor ou na mochila do estudante como mais um livro. O portátil nas dimensões comuns não é assim, pelo tamanho e peso que tem.
As questões não se ficam por aqui. Há aspectos mais importantes. No post seguinte abordamos a utilização dada a estes computadores distribuídos aos estudantes.
Julgo que é de destacar que os professores ao aderir ao e-escolas estão, indirectamente, a equipar as escolas, uma vez que, na maior parte das vezes os docentes utilizam-nos nas suas actividades diárias, tanto na sua residência, como no estabelecimento de ensino. Aposto que em breve surgirá a preços aceitáveis novas iniciativas, como por exemplo para a aquisição pelos professores de projectores de vídeo e quadros electrónicos, cadeiras, mesas, giz, quadros...
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