«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE

quinta-feira, novembro 20, 2008

Professores de luto e em luta 112: caneladas continuam

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Num momento em que o Governo decide introduzir melhorias e simplificar as condições de concretizaçção da avaliação do desempenho dos professores, a ministra da Educação insiste na tese: «Estivemos 30 anos sem avaliação».

Afirmou hoje na conferência de imprensa, a jogar pouco claro, com , com o intuito de continuar a virar a opinião pública contra os "malandros" dos professores, que progrediam na carreira sem o mínimo de controlo sobre o seu trabalho... O ónus é sempre colocado nos docentes.

Como pensa Maria de Lurdes Rodrigues conquistar os professores com estas meias-verdades?

José Matias Alves esclareceu, há tempos, quando o Primeiro Ministro o utilizou como arma de arremesso contra a luta dos docentes: Jogar claro.

«Num momento em que a serenidade deveria habitar os discursos e as práticas de todos os responsáveis educativos; e em que era imperativo um acrescido esforço de verdade e de clareza; e em que se deveria saber que todas as tentativas de enviesamento e manipulação são contraproducentes, parece-me sensato e urgente afirmar o seguinte:

a) os professores sempre foram avaliados. Desde o Estado Novo e até 1989 os professores sempre foram avaliados de forma administrativa. Pela lógica de presunção da competência e segundo o estilo burocrático, o trabalho dos professores presumia-se Bom, a não ser que tivesse faltas injustificadas ou tivesse tido procedimento disciplinar.

b) com o estatuto do Ministro Roberto Carneiro, em 1989, foi introduzido um novo modelo de avaliação mais ligado às práticas efectivas, tendo-se até criado uma prova externa de acesso ao 8º escalão.

c) com o governo de António Guterres (de que o actual primeiro-ministro fazia parte) foi abolida essa prova de acesso, provavelmente porque se concluiu que o efeito de filtro praticamente não tinha impacto, e instaurado um procedimento de matriz burocrático-administrativo que realmente praticamente nada avaliava.

d) os autores dos modelos de avaliação anteriores foram os diferentes governos e não os professores.

e) não é verdadeira a afirmação de que nos últimos 30 anos os professores nunca foram avaliados. As meias verdades não são úteis neste contexto.

f) não é útil neste contexto continuar a atirar para os professores o ónus de que eles é que não querem, eles é que, e é que. Pode render dividendos. Mas é péssimo para a educação portuguesa.

g) pode haver professores que não querem ser efectivamente avaliados. Mas não se pode generalizar. E se tantos milhares reclamam e prostestam não podem ser todos mentecaptos. Persistir na ofensiva e na ficção é um grave erro. E a lei não pode estar contra toda uma classe profissional e a gerar óbvios malefícios nos alunos e nos ambientes escolares. Porque será certamente iníqua. E portanto tem de ser mudada. Tão simples como isto.

PS às 22:12
Mesmo no modelo de Marçal Grilo/António Guterres do Satisfaz para todos houve professores que recusaram o satisfaz que todos tinham e exigiram (e conseguiram) uma avaliação bastante rigorosa e fiável que distinguisse a sua acção e o seu mérito profissional. Também por isso não se pode afirmar o que se está a afirmar. A ética política não o deveria permitir.»

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