photo copyright
Num momento em que o Governo decide introduzir melhorias e simplificar as condições de concretizaçção da avaliação do desempenho dos professores, a ministra da Educação insiste na tese: «Estivemos 30 anos sem avaliação».
Afirmou hoje na conferência de imprensa, a jogar pouco claro, com , com o intuito de continuar a virar a opinião pública contra os "malandros" dos professores, que progrediam na carreira sem o mínimo de controlo sobre o seu trabalho... O ónus é sempre colocado nos docentes.
Como pensa Maria de Lurdes Rodrigues conquistar os professores com estas meias-verdades?
José Matias Alves esclareceu, há tempos, quando o Primeiro Ministro o utilizou como arma de arremesso contra a luta dos docentes: Jogar claro.
«Num momento em que a serenidade deveria habitar os discursos e as práticas de todos os responsáveis educativos; e em que era imperativo um acrescido esforço de verdade e de clareza; e em que se deveria saber que todas as tentativas de enviesamento e manipulação são contraproducentes, parece-me sensato e urgente afirmar o seguinte:
a) os professores sempre foram avaliados. Desde o Estado Novo e até 1989 os professores sempre foram avaliados de forma administrativa. Pela lógica de presunção da competência e segundo o estilo burocrático, o trabalho dos professores presumia-se Bom, a não ser que tivesse faltas injustificadas ou tivesse tido procedimento disciplinar.
b) com o estatuto do Ministro Roberto Carneiro, em 1989, foi introduzido um novo modelo de avaliação mais ligado às práticas efectivas, tendo-se até criado uma prova externa de acesso ao 8º escalão.
c) com o governo de António Guterres (de que o actual primeiro-ministro fazia parte) foi abolida essa prova de acesso, provavelmente porque se concluiu que o efeito de filtro praticamente não tinha impacto, e instaurado um procedimento de matriz burocrático-administrativo que realmente praticamente nada avaliava.
d) os autores dos modelos de avaliação anteriores foram os diferentes governos e não os professores.
e) não é verdadeira a afirmação de que nos últimos 30 anos os professores nunca foram avaliados. As meias verdades não são úteis neste contexto.
f) não é útil neste contexto continuar a atirar para os professores o ónus de que eles é que não querem, eles é que, e é que. Pode render dividendos. Mas é péssimo para a educação portuguesa.
g) pode haver professores que não querem ser efectivamente avaliados. Mas não se pode generalizar. E se tantos milhares reclamam e prostestam não podem ser todos mentecaptos. Persistir na ofensiva e na ficção é um grave erro. E a lei não pode estar contra toda uma classe profissional e a gerar óbvios malefícios nos alunos e nos ambientes escolares. Porque será certamente iníqua. E portanto tem de ser mudada. Tão simples como isto.
PS às 22:12
Mesmo no modelo de Marçal Grilo/António Guterres do Satisfaz para todos houve professores que recusaram o satisfaz que todos tinham e exigiram (e conseguiram) uma avaliação bastante rigorosa e fiável que distinguisse a sua acção e o seu mérito profissional. Também por isso não se pode afirmar o que se está a afirmar. A ética política não o deveria permitir.»
Sem comentários:
Enviar um comentário