«And some people say that it's just rock 'n' roll. Oh but it gets you right down to your soul» NICK CAVE
quarta-feira, novembro 05, 2008
Radicalização no parlamento da Madeira
Mais uma péssima imagem da autonomia e da democracia na Madeira.
O plenário do parlamento madeirense foi suspenso esta quarta-feira depois do deputado do Partido da Nova Democracia José Manuel Coelho ter exibido uma bandeira nazi e chamado fascistas aos parlamentares do PSD/Madeira, noticia a agência Lusa.
Este acentuar da rebeldia explica-se à luz da análise transaccional: a democracia madeirense vive uma relação entre um pai normativo e as "crianças" submissas, que receiam provocar a ira no pai. A normatividade gera, todavia, alguns rebeldes. O deputado José Manuel Coelho é um deles.
O facto de o PND ter conseguido eleger um deputado é sinal do crescimento do número de rebeldes. Gente que se fartou de ser espezinhada e humilhada. A escolha coloca-se entre submissão ou rebeldia. Escolheram o segundo caminho, que evita o dobrar da "espinha" e traz conforto psicológico quando consegue irritar a outra parte. Recorde-se que o presidente do Governo Regional terá dito, recentemente, que o seu desporto favorito é «irritar as pessoas». Também o do José Manuel Coelho.
A mão de um líder forte, de um pai omnipresente e dominador, que em troca do seu empenho e protecção exige obediência, pode facilitar o exercício e controlo do poder, mas gera uma sociedade civil dependente, infantilizada, anquilosada, fechada, acrítica, sem iniciativa (capacidade empreendedora), sempre expectante e à espera que alguém lhe diga o que fazer e lhe coloque o pão na mesa.
Como a abordagem construtiva ou proactiva geralmente não dá frutos face ao "quero, posso e mando", optaram por embaraçar e ridicularizar o regime, em confronto aberto e radical.
Mas não dá mais frutos do que algum impacto noticioso, que depois é depressa esquecido. As pessoas até acham piada ao acto de rebeldia, mas não o levam a sério. Não leva a lugar nenhum. Enfim, leva aos tribunais. Contribui também para a degradação da confrontação política nesta ilha, marcada por muita animosidade e ataque pessoal.
Não há uma discussão democrática elevada e madura. Isso aprende-se vivenciando-se, no quotidiano. E não há espaço público para tal aprendizagem democrática na sociedade madeirense. Discordar de quem manda é encarado como um acto de agressão. Ainda por cima, o poder político, nomeadamente o parlamentar, não dá o melhor exemplo.
Passados mais de 30 anos após o 25 de Abril de 1974, deveriam já ter sido estimuladas (concedido espaço a) determinadas mudanças (revoluções) culturais e cívicas que conduzissem a uma maturação e arejamento democráticos (desbloqueios) na Madeira.
No episódio de hoje, José Manuel Coelho deixou a bandeira nazi na mesa do lugar de Jaime Ramos e ainda trocou palavras com os deputados social-democratas fora da sala. Antes desse acto, o deputado já tinha distribuído, logo no início dos trabalhos, cravos vermelhos aos presentes junto com um manifesto contra o «regime ditatorial» na região.
A notícia da Lusa refere que o PSD pretende reduzir o tempo de intervenção dos partidos da oposição, com base na representação parlamentar, que atinge sobretudo os partidos políticos com apenas um deputado. José Manuel Rodrigues do CDS-PP acrescentaria, depois, que o mais grave é o novo regimento coarctar a iniciativa dos deputados da oposição.
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Até que enfim alguém dá um murro na mesa pútrida do poder caquético e esclerosado!
ResponderEliminarBem haja!