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«Chegámos ao cúmulo de ver uma proposta nossa reprovada para de seguida ser aprovada uma exactamente igual», afirmou Manuela Ferreira Leite, presidente do PSD, sobre a iniciativa de pagamento das dívidas do Estado às PMEs.
Não tenho conhecimento se alguém do PS retorquiu, mas seria algo dentro do género, em analogia a outras reacções do passado recente: «Cremos que a doutora Manuela Ferreira Leite devia estar a pensar na Madeira, porque se há alguma região autónoma onde pode estar em causa às vezes o respeito pela oposição é na Madeira.»
Podemos ver esta questão de dois prismas:
Para os corações socialistas e anti-PSD, em geral, uma resposta que invoque o caso da Madeira é oportuna, entala o PSD nacional numa aparente contradição e, supostamente, encerra o assunto.
Mas não, não cala o assunto. Se a Madeira é acusada de mau exemplo, esse exemplo não justifica que o Governo da República ou os parlamentares que formam a maioria absoluta o procurem imitar de algum modo.
Por outro prisma, podemos ajuizar o seguinte: a existência de um clima de falta de respeito pela oposição é uma falta grave para aqueles que estão sempre prontos, recorrentemente, a acusar a Madeira de défice democrático, democracia musculada, ausência de liberdades, entre outros.
Resumindo, uns mais iguais do que os outros, mas iguais. Poder é poder. E poder absoluto quer-se manter no poder absolutamente. É mais dado a certos tiques e manias de controlo porque fica inebriado e poder-dependente.
Moral da história: como diz a canção Poder de José Mário Branco [Resistir é Vencer, 2004], «poder/Quem o tem, tem ascendente/Poder/Quem o tem, faz-se valente/Bem usado/Mal usado/O poder é sempre prepotente.»
Recordar:
Cheira ao medo do "antigamente"... 2
Claustrofobia democrática 2
Claustrofobia democrática 4
Claustrofobia democrática 7
Claustrofobia democrática 9
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