No Diga lá excelência, emitido ontem pela RTP2, Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, subscreveu «completamente» a denúncia de «claustrofobia democrática» feita pelo deputado Paulo Rangel no dia 25 de Abril.
Recorde-se que o deputado social-democrata referiu que, «do ponto de vista da liberdade de opinião e da liberdade de expressão, vivemos, aqui e agora, num tempo de verdadeira claustrofobia democrática.»
Dois dias depois, José Sócrates chutou o assunto para a Madeira, conhecendo as fragilidades regionais a esse nível - reciclando a velha expressão «défice democrático» de Mário Soares -, para anular e disfarçar a denúncia de Paulo Rangel no que toca ao Continente.
Mas Rui Pereira insiste quando o jornalista questiona se a «claustrofobia democrática» não será um mito: «Não é um mito. É uma realidade.»
Isto a propósito de alguns empresários patrocinadores do estudo da CIP sobre uma alternativa ao aeroporto da Ota se terem, alegadamente, escondido ou protegido no anonimato para «não ter maçadas» com o Governo, nas palavras do entrevistado do Diga lá excelência.
E depois concretiza: «Há pessoas que têm receio de sofrer as consequências. Isso é gravíssimo. Que qualquer posição entendida como hostil ao Governo possa ter consequências nas suas empresas, nos seus negócios e tudo o mais. Que isso é um sentimento na sociedade portuguesa é.» E continua: «Se uma empresa tomar determinadas atitudes que contrariem a vontade dos governantes pode ser penalizada por isso.»
Mas, embora neste momento seja mais patente Rui Moreira ressalva que não é algo específico apenas do Governo actual. «Sente-se mais» no presente porque o país está em crise. Diríamos mais: porque o país é governado por uma maioria absoluta, embora apenas há dois anos. Rui Moreira deveria vir à Madeira, com uma maioria absoluta a fazer 30 anos.
O empresário considera ser a situação de claustrofobia democrática um entrave ao desenvolvimento da economia, pois está claro. Pela falta de transparência que se gera e pelos poderes sombra que se criam. O que está na sombra não é sufragado pelos cidadãos nas eleições. Além disso, são afastados os melhores, que são importantes para o desenvolvimento. Pode dar jeito, a curto prazo, para manter o poder, mas a factura a médio e longo prazo é cara.
Muito bem. Se os empresários sentem tanto a pressão suscitada pela «claustrofobia democrática», agora imagine-se o comum cidadão, cuja sua subsistência depende de um magro salário. O espaço de manobra é muito menor para exercer a sua cidadania activa e participativa na defesa do interesse público, tomando a palavra e a acção nos assuntos que lhe digam directamente respeito. Sem esquecer a vigilância democrática que devem os cidadãos exercer sobre os poderes que os governam.
«Clautrofobia democrática» 1
Espirrar é um acto político na Madeira
Did it need to be so high?
Madeira endémica espezinha tolerância e respeito
Há verdades mais inconvenientes do que outras
Claustrofobia-cultural
Cultura muito própria
A maior autoridade é o exemplo 1
Proactividade...
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